sábado, 19 de maio de 2012

nada/nenhum

Sentado no meu canto, como de costume
meus dedos exalam o característico aroma do tabaco queimado
busco palavras e ideais para escrever
nada. nada
nada é uma constante na minha existência
assim como a rápida olhadela que dou todas as manhas para o nascer do sol
amarelo ou
alaranjado, talvez avermelhado
nada no caminho, nada na mente,
nenhum pranto, nenhum canto
passos largos para esquentar meu corpo
que por vezes acredito estar destruído
e por vezes desejo que esteja destruído
           nada a aprender, nada para se ver
nenhum ruído
nenhuma pessoa que valha a pena desperdiçar olhares.
nenhum dia de sobriedade, poucos são lindos. lindos? os dias lindos se foram há muito
isso se em algum momento fizeram parte de mim, ou do mundo
ou de tudo

A beleza da arte se esconde no nada
mas não há caminhos ou trilhas na floresta perdida dos talentosos; nasceram com o mapa na testa
                              os outros apenas se aventuram por tais bandas, sem talento algum, sem habilidades ou experiência, sem nada.
nunca.

[não terminado]

estou emburrecendo
não leio, não toco, não escrevo
meu senso crítico amolece a cada
segundo
minha opinião pessoal transita entre o radical
e o meio-termo
-pisa firme, porra!
não penso, não piso
gosto assim; dilemas e sermões
às vezes me sinto mais inútil do que uma aula de cinética
mais feio que aberrações biológicas
impreciso como um relógio chinês.

passo despercebido pela maioria
que assim seja
Eros e Narciso me chutam as bolas
todos os dias
riem e se embebedam
assistindo meu azar, movendo as peças conforme seus prazeres pedem por mais e mais
e mais;

penso com certa frequência em sabotagem
me fodem a vida, vico como Bocage
Mas não tenho dinheiro nem para uma cerveja; passo na loja para fazer a cabeça