quarta-feira, 18 de maio de 2011

Divagação sobre juventude, sociologia e sensacionalismo.

Sabemos que a adolescência costuma ser um período complicado e massante . Uma fase pela qual ansiamos a chegada e gritamos pelo fim. Hoje em dia, com a ascendência contínua e ininterrupta da Era Tecnológica, nós, jovens desde o colegial até a faculdade,  saímos cobertos e saturados de ócio e conteúdos fúteis, desnecessários,  coisas que não conseguimos extrair nem o mínimo de conhecimento básico, nada que enriqueça seu cérebro e/ou uma conversa entre companheiros.
Os programas de televisos, em geral, nos canais abertos e livres para o público (mas também tem e muito na tv a cabo) mantém um conteúdo tão mal feito quanto alienático. A vida dos cidadãos é exposta de forma vulgar, invasiva, mas eles amam! Acreditamos na mídia e nas informações por ela propagada. E nisso não há mal algum..em um lugar onde o ser humano não seja corruptível e não baseie sua existência pela busca e domínio total e individual do poder. Ou seja, lugar nenhum da Terra.
Sei que tal assunto pode ser clichê, mastigado por muitos outros jovens rebeldes metidos a radicais, crianças com experiências amorosas frustradas e decepcionantes que tentam depositar esse pacote comum em textos livres e com temas “variados”, porém, típicos da idade. Esses jovens costumam expor opiniões quase que exclusivamente esquerdistas, fato decorrente, acredito eu,  de seus recentes esclarecimentos  político-sociais, leituras rápidas e bem escritas sobre pensadores e filósofos, socialistas e anti-capitalistas no geral. Trato de falar aqui de um fenômeno comum entre jovens que se interessam pela área de humanas no geral, não necessariamente frustrados com algo, muitos não demonstram grande preocupação com assuntos sentimentais de seu próprio ser e mostram-se mais interessados em mudar o mundo. Em vão, é claro.
Esse tipo de jovens e adolescentes possuem, normalmente, um olhar crítico quiçá interessante durante uma idade em que críticas e opiniões sociais próprias encontram-se  cada momento mais escassas e/ou superficiais. O problema é a falta de ferramentas para aprofundar esses novos e importantes conhecimentos adquiridos por meio dos textos mais irradiados de autores requisitados e adorados no meio.
A crítica principal encontra-se no fato que a televisão, rádio, revistas e etc, apresentam nulidade de conteúdo ( se posso usar esse termo) sociológico, psicológico, filosófico e antropológico. Para ter conhecimento de um “novo” pensador, o jovem necessita de pesquisas onde a escassez de resultados aprofundados é quase iminente e, quando encontram algo, são sempre apenas algumas frases do mesmo e meia dúzia de textos pela metade.
Pode parecer que fugi do tópico no qual comecei o texto mas, na verdade, pretendo fazer uma divagação sobre esses assuntos, sobre os meios de comunicação sensacionalistas e carentes de informação de verdade. Minha tendência ao praxe é quase certa, como já perceberam, mas tentarei fugir ao máximo do conceito geral.
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sm (sensacional+ismo) 1 Caráter ou qualidade de sensacional. 2 Tendência a divulgar notícias exageradas ou que causem sensação. 3 Filos Doutrina ou teoria de que todas as idéias são derivadas unicamente da sensação ou percepções dos sentidos.
O sensacionalismo que vemos todos os dias nos canais abertos é um demônio, certo? Uma das piores pragas que a televisão trouxe em grande quantidade até nós, visto que é algo que existe desde sempre, imagino. Bom, na verdade o que me irrita é o sensacionalismo falso, digamos assim, aquele em que o âncora ou jornalista demonstra todo o sentimentalismo barato que Hollywood , as novelas e muitos livros nos proporcionam nos dias de hoje. O que quero dizer é que não há necessidade de fazer grande alvoroço com pequenas coisas, com cenas corriqueiras, que fazem parte do nosso dia-a-dia, fatos não violentos, não criminosos, mas que o indivíduo vê uma oportunidade de demonstrar e exercer sua falsa opinião radical, (na prática, na essência é completamente reacionária) opiniões essas que vem acompanhadas de quantidades de sensibilidade exagerada e repugnante que são inteiramente absurdas e intragáveis por aqueles que mantém uma distância saudável da ignorância generalizada que é dissipada nesses canais.
Antes de continuar com isso, gostaria de explicar o termo “sensacionalismo falso” e o “verdadeiro”. Sensacionalismo é sensacionalismo, é uma maldição na sociedade de qualquer forma. Mas na falta  de um antônimo que possa fazer oposição corretamente a tal palavra tão usada no cotidiano, preferi dividi-la em duas “frentes”, digamos assim, a da falsidade, e a que apresenta um conteúdo mais sincero, na qual a pessoa na qual a notícia foi confiada para sua divulgação não abusa de sua influência psicológica em cima das pessoas por poder, fama ou dinheiro.
Até compreendo o uso do “sensacional” em alguns casos. Casos esses em que há algo extraordinário acontecendo, algo que não tem como uma sociedade normal (qual o requisito para se considerar normal?) não condenar. Conseguimos, às vezes, ver que o apresentador realmente sente no coração o que está acontecendo, não exagerando por interesse, e sim por indignação diante de tal acontecimento.
O problema é que quase nenhum consegue mais transpor sinceridade e real sensibilidade diante de assuntos polêmicos e escândalos que ocorrem pelo mundo afora, agora tudo se trata de falso sentimentalismo, falsa piedade,  falso tudo. Tudo isso para saciar a fome que temos de sangue, e quando me refiro ao sangue, não é metáfora alguma, é o sangue mesmo, todos nós vemos prazer na infelicidade e na tragédia alheia, isso já é popular. Talvez a desgraça dos outros nos faça se sentir mais superiores, afinal, enquanto temos casa, comida, família e amores, seremos maiores do que aqueles que não tem nada disso, ou qualquer estrutura que tenha semelhança com isso.
 Crescemos com a maldição do sensacional, isso já rodeia a humanidade há muito, e vai continuar dominando os olhos, ouvidos e, principalmente, as opiniões de toda a população, principalmente da menos instruída, aquela que se deixa levar pela inércia criada pelos sistemas de comunicação. Quando refiro-me a menos instruída, não digo daquela pessoa que não estudou e não teve educação básica alguma. Refiro-me, também àquelas pessoas que mesmo com um padrão econômico, social e educacional muito elevados, ainda são presas da alienação e ignorância generalizada. Pessoas que criarão seus filhos sob a proteção da televisão, baseando uma nova moral e tradição em cima das opiniões de pessoas que almejam o dinheiro, a fama e o poder sobre os pobres e os ignorantes.  Somos todos filhotes do sensacionalismo.