segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O velho chileno.

    Estava na pausa para o almoço da IBM, empresa em que Marc trabalhava há um tempo razoável e tirava uma quantia igualmente razoável no final do mês para um homem que quase sempre viveu sozinho. Marc não estava querendo gastar dinheiro no almoço, e nem estava com tanta fome assim, para falar a verdade, então decidiu ir para casa, comer um lanche simples, adiantar um pouco da limpeza da bagunça que a casa se encontrava naquela última semana em que estava sem tempo para nada e depois voltar ao trabalho. No caminho parou seu Ford em frente a um bar que ficava na esquina de sua casa e pediu uma cerveja; Marc nunca mais tomara cerveja e nem gostava mais do sabor, mas foi tomado por uma vontade súbita e avassaladora de degustar uma garrafa de cerveja gelada, pelos velhos tempos. Pagou sua cerveja, comprou umas cigarrilhas baianas que viu no caixa do bar e seguiu para sua casa.
Desceu até sua casa à pé, deixando o carro em frente a padaria e fumando uma das cigarrilhas baianas com aroma de chocolate. No longo portão de dona Ana viu o gato malhado que jurava estar morto há anos, já que o gato era velho desde que ele se lembra, o gato sorriu para ele, ele sorriu de volta com fumaça de chocolate na boca e continuou caminhando em direção a seu mais do que velho portão enferrujado e destruído pelo tempo, da casa que era de sua família há muitos anos, e ele era o único que ainda morava com lá. Seu pai havia passado uns últimos meses, se não me engano até uns anos naquela casa, seus anos finais ao lado do filho, quase abandonado pelo resto da família.
Depois de fechar o portão com dificuldade, Marc abriu seu caminho por entre os matos e ervas daninhas que cresciam que nem bambu em seu quintal completamente largado, ao lado do antigo Fusca 66' de seu pai, que mais parecia um monumento bombardeado do que uma carcaça de carro. Jogou a bagana da cigarrilha no meio daquele matagal, sem se importar nem um pouco se poderia botar fogo na casa, ainda mais depois que ouviu um barulho fraco de água corrente vindo da cozinha e imaginou ter esquecido a torneira aberta a manha inteira.
"ahh, merda"
Se aproximou e percebeu que a porta estava completamente aberta. Pegou uma pedaço de pau que tinha no chão no quintal e correu pra dentro de casa, pra tentar pegar o filho da puta no flagrante. Mas não era nada. Bom, não era nada de ruim. Era algo bom. Algo comum. Era seu pai, lavando a louça no escuro, como sempre fez.
"Pai?"
"ôô negrão, veio para o almoço con tu padre?" - disse René, com seu velho sotaque do Chile, que Marc tinha certeza que ele sempre dava uma exagerada pra nunca se esquecer da vvelha língua.
"ah, quis adiantar umas coisas aqui. Por que você tem essa mania de fazer tudo no escuro, pai? Uma luizinha ligada por alguns minutos não vai sair mais caro na conta...e ainda por cima, eu pago."
"ahh, deixa pra lá isso. Faz um cafecito para nosotros enquanto termino de lavar essa louça."

Marc foi preparar o café e acendeu as luzes e abriu as janelas da casa, querendo tirar um pouco aquele cheiro de mofo que ficava na casa quando estava fechada por muito tempo. Pediu a René, seu velho pai, que contasse suas histórias dos tempos de pugilista, depois dos tempos de exército, depois da sua chegada ao Brasil, depois como conheceu sua mãe, Louisse, depois de alguns cafés e de mais liberdade dentro das conversas, foram compartilhando histórias das diversas amantes que ambos tiveram durante suas vidas, quando eram mais novas (e algumas até quando mais velhos, por que não?). Marc sempre adorava ouvir as histórias de seu pai, de ver suas fotos como pugilista, suas lembranças do exército, desde pequeno ele sempre pedia para o pai contar as mesmas histórias, e o velho René sempre as contava no mesmo tom, como se fosse a primeira vez que as tivesse contando para um ouvinte completamente novo. Marc acendeu uma cigarrilha de chocolate e seu pai, curioso, perguntou:
"Que cigarro é esse aí, nego?"
"é uma daquelas cigarrilhas, pai, sabe? De chocolate, o cheiro incomoda o senhor?"
"Incomoda é você não me dar uma logo, vai."
Marc sorriu e acendeu a cigarrilha para seu pai, que adoçava mais uma pequena dose de café.
Pai e filho não perceberam, mas ficaram mais de duas horas papeando, Marc já havia percebido que tinha perdido a hora para o trabalho, mas simplesmente fingiu que não tinha visto e, ao ver o primeiro bocejo de sono de seu pai, percebeu que o velho já estava ficando com sono, mesmo tendo bebido tanto café. Levantou da cadeira feliz, não tinha uma conversa daqueles com seu velho há muitos anos, uma vez ou outra ele contava uma história, mas dessa vez foram todas de uma vez só, que nem quando era criança.
"Foi boa a conversa, mas tenho que ir trabalhar, pai"
"E eu tengo que dormir, negão" disse, já começando a subir a estreita escada que dava para o quarto.
De repente Marc lembrou de uma coisa.
"Ei, pai, pai!"
"Hola?"
"Pai, desculpa ser rude, mas não sei como posso perguntar isso de uma outra forma...mas o senhor não está morto?"
René sorriu um pouco e era possível ver o buraco de seus dentes da frente, e disse, ainda sorrindo:
"Negão, ninguém morre nisso aqui. A morte não existe."
Marc viu seu pai subindo as escadas com a mesma tranquilidade com a qual sempre subia para se deitar no meio da tarde, em direção ao quarto iluminado pela luz do dia. Ouviu os passos do pai no quarto, o barulho da janela se fechando com dificuldade, e a cama rangendo com o peso pena de seu velho pai René. Marc sorriu, acendeu mais uma cigarrilha e foi buscar seu carro na padaria, passando novamente pelo gato malhado, que agora parecia ter uma coloração bege.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

ginger.

This one just hit me on my mind
i was not expecting  to type today, maybe in the morning
                                                        but i oversleep and the day has roll over
like buffalos running on the rivers
and here i am now
9pm
wearing only my underwear, as usual
thinking about girls, as usual. suffering again
as usual.

this one
i dedicated to my redhead
the redhead of my life
with her pink and beautiful lip
white skin
little breasts
great ass
great body
i love her
with her delicated way of being.
and the worst part of this poem
is that i don't  have her
because i'm the ugliest motherfucker in the whole world
ya know whata mean? i know you know.
The sad part of the poem is that the redhead
with all that great and soft skin
don't even know that i exist
and, in fact, if she already saw me
i'm pretty sure that she want to see me dead
cos' i expel ugliness and sorrow
and they don't want someone like that.

but i'd do anything to have her
to prove to her
that i worth some shit
that i can worth at least a little shit
that even the ugliest and fattest of the guys around her
can be a nice guy too
or not. but i'd like to try someday
i'd like to have balls to talk to girls like
my redhead
courage to face her evil look
with those dark green eyes
kissing other boys
handsome boys
who play the guitar very well
who know how to treat a girl like a man
but in the end we're all children
looking for some other children
to fuck
while the losers,
the fat,
the mentally ill
and the geeks
they get weak
and their souls begin to disappear

but the redhead, with that orange or red hair
with that cute lip
little hands & white skin
with her face full of little freckles
and their simple cloathes
she's never gonna lost her soul
no.
her soul is there, quite, happy, grinning at my face
and my soul is going away
sometimes i just don't feel her anymore
but i always gonna take care to not let the last
spark
of soul
go away from me.
Until there, if a keep my eyes on her and my finger typing
i'm gonna live another day.