terça-feira, 21 de junho de 2011

segunda 2:33am

Talvez
uma das piores sensações
                     do mundo
seja a de não conseguir dormir
quando se está com sono e entediado
entediado
                             entediado com seus pensamentos
sobre a mesma
                              vagabunda que te fode
constantemente
entediado com a cueca velha e apertada, que te deixa com aquela
                 sensação de castramento

entediado com a vida
                            em si

pensando em quantas outras pessoas dormem
                                 tranquilas
em suas camas
ou transam apaixonadamente
debaixo de suas cobertas
ou conversam monótona e
automaticamente
após o mesmo
se distraindo uma com a outra
olhando uma nos olhos das
                outras

invejo-os no momento
             não
por terem um ao
outro
mas por terem algo para fazer
                       que não seja puxar
a cueca
para aliviar suas bolas da força
           do elástico.

invejo os gatos
por conseguirem
                 dormir
que nem uns
                  filhos da puta
por horas a fio
                   nunca tiveram e
                   nem terão
problemas para
dormir.



e pensar que hoje foi domingo
e que amanha é segunda.

domingo, 19 de junho de 2011

a pomba sem cu de Minas Gerais

me sentei em uma escadaria, debaixo do sol de
Minas Gerais
um trânsito mais
calor mais
espera
esperava minha mãe comprar uns doces caseiros
da região
então meu pai e eu sentamo-nos diante de um
monumento e ficamos espreitando os movimentos das pessoas
dentro de seus carros dentro de congestionamentos
pequenos congestionamentos
porque lá não tem espaço nem para um peido
quanto mais para trânsitos quilométricos.

a esperamos debaixo do calor naquela cidade
histórica
com turistas idiotas mais ridículos do que nós
vestidos como idiotas
:sempre pensei que turista era uma espécie de gente,
:não uma condição temporária; sempre vestidos tão horripilantemente
:com roupas que não são de suas cidades natais, nem de sua cultural nacional
:quando pequeno achei que haviam lojas especiais com roupas para turistas
:só isso explicava o quão ridículo eles eram.

olhava maravilhado para as pedras semi-preciosas que papai
comprara para mim
colecionávamos coisas assim quando pequeno
eu
e meus primos
o pai contava algo sobre a arquitetura da praça
e eu prestava atenção no movimento parado dos carros
das pessoas dentro dos carros e
da vida
dentro daquele mini-congestionamento

um estouro seco e algumas pessoas olham alguns metros de onde
estávamos
uma pomba voa
suas tripas caem no chão
ela continua voando
sem as tripas
provavelmente se sentindo bem mais leve agora que estava sem
sua maquina de fazer bosta
e ela voa metros e mais metros
e bate a cabeça em uma porta roxa de um casa antiga
e cai morta
e os carros voltam a andar; pessoas voltam a comprar; “vish” meu pai comenta

minha mãe chega com um saco cheio de doces de Minas Gerais
e vamos embora


guardei minhas pedras metódicamente organizadas, levanto-me com meu pai
e seguimos passeando pela cidade
as tripas ensanguentadas da pomba continuam largadas no meio da rua
separadas vários metros de sua dona
que jaz abaixo de uma porta púrpura
manchada com sangue.

sábado, 18 de junho de 2011

fat boy

the fat boy is sitting on his chair and he's listening to music
alone
he like to be alone
because the futilities of other peoples life, just don’t cheer him
up
the fat boy is already full of his own futility
his own sadness his own
miserable misfortune his own
life

but the other people don’t want to know about the
feelings
of the fat boy
for them
the fat boy is just another clown
another joke
another conversation
for this people, the fat boy is nothing but a comedian
telling jokes for the rich people
rich people that has no real problems and no real life
millionaires taking money and
disappointments and
moldy bread and
shit out of their asses
and throwing all this mass, this stinking mass
on the poor fat boy

the fat boy don’t care about this
he keeps listen to his music
and telling jokes
cheering everybody up
while everybody  hug
everybody
kiss
everybody
squeeze
everybody
fuck
everybody
happy

but all the fat boy is asking, is for a little break
but he cannot say this to anybody
because they will laugh at the face of the friendly
fat boy
and he will laugh too, afraid of what they will do next

what nobody knows is that
nobody will do
nothing to the fat boy
because the fat boy feed them
with the miserable life that he has
he feeds the miserable life that these people has
the rich people and the poor people
they forget about their own lifes
when the fat boy is joking
joking about HIS life
and no single soul cares about an fat boy’s life.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Sem instrumentos.

O frio que fazia nessa manhã era algo no mínimo incomum nessa região do país. Acho que no país em geral era difícil se encontrar dias gelados e cinzentos que nem os últimos andavam sendo, ainda mais que estávamos no Outono ainda.

Acordei com o telefone tocando, era Felipe me chamando para andar de bicicleta. Isso às 7:00h e fazendo sete graus.
“Você perdeu a cabeça, homem?!”  falei com uma voz arrastada e alcoolizada de sono. Desliguei.
Tinha o hábito de pedalar com Felipe e outros amigos nas manhas de domingo, ainda não sei o que deu na minha cabeça para aceitar tal convite desses. Domingo tem a estranha característica de ser o dia mais entristecedor da semana, mais filho da puta, por que acordar no começo da madrugada para andar de bicicleta, enfrentar um frio cortante e agoniante, transpirar, feder, me sujar e perder horas valiosas de sono só para andar de bicicleta? Bom, ainda não tenho a resposta. Mas algo sempre me fazia voltar todos os domingos às ciclovias, ruas e pontos turísticos da cidade, para pedalar com o mesmo pessoal de sempre.
Voltei a dormir um pouco, mas só um pouco, teria que acordar cedo de qualquer forma para ir tocar em um festival fuleira que arranjaram pra gente, cheio de hipsters achando que a vida é uma merda e que a morte é a solução mais sábia. Talvez estejam certos. O despertador começa a se intrometer nos meus sonhos às 8:30, tirando-me de um sono quente e aconchegante que tive durante uma noite que não era bem dormida assim há tempos.
Espero pelo telefonema de William para confirmar a presença do pessoal, ele liga e realmente não entendo nada o que ele fala. O sono estava quase me dominando de novo mas, com muito esforço, saio dos confortos do meu colchão localizado no chão do quarto, pego umas roupas que considerei de algum jeito estilosas, tomo um banho solitário e deprimente, com água quente que cai escassamente, fazendo com que eu tenha que ficar me mexendo constantemente para manter o corpo quente naquele banheiro gélido.
Devo ter comida alguma coisa qualquer, mas devia ter muita caloria porque consegui aguentar o dia inteiro com praticamente só aquilo no organismo. Meti duas camisetas – nunca faço isso – uma camisa preta de veludo e xadrez, calça velha, tênis velho, marrom e conservado por fora e fui dar de cara com o frio cortante das ruas do meu bairro.
A escassez de indivíduos da raça humana na rua é uma das coisas que mais me agrada ao sair de casa pela manhã. Vejo alguns cães revirando sacos de lixo, procurando algum pedaço de nada que algum porco deixou de comer, eles olham pra mim, eu olho pra eles, amo cães mas tenho trauma de infância deles, medo de abrirem suas bocarras gigantescas e cravarem seus dentes suavemente no meu rosto, como fizeram quando era pequeno. Eles voltam a revirar o lixo, e eu volto a revirar minha mente.
O agradável frio começa a me animar, no metrô as pessoas ramelentas tem rostos sonolentos, tristes, vagos. O metrô numa manha fria de final de semana tem uma capacidade de alegrar-me que ainda não sei o motivo. Penso que estou atrasado e que Will estará puto quando chegar, mesmo que ele disfarce, sei que estará puto quando eu der as caras na estação na qual combinamos de nos encontrar. Odeio atrasar os outros, mas uma força maior sempre me puxa pra isso.
Chego na estação e, da escada rolante, começo a procurar por William ou Fátima, esperando já a cara de bunda da mesma quando me ver atrasado. Não encontro Will, mas vejo o corpo obeso e flácido de Fátima esperando ao lado de um ponto de informações da estação. Rezo internamente para que ela não tenha me avistado e vou a passos largos em direção ao lado oposto das catracas do metrô, longe de todo mundo e de Fátima, evidentemente. Queria evitar ficar sozinho com ela, tinha um certo anseio e timidez de ficar ao lado dela, e ao lado de qualquer outra garota, mas realmente me sentia acuado perto de tamanha garota. Fico vendo uma das exposições que colocam eventualmente nos metrôs, exposições que ninguém nunca demonstrou interesse nenhum em disperdiçar três minutos e meio de suas vidas para vê-las. Não os culpo, quem tem tempo para coisas assim? E quem tem saco? Só turistas gringos perdidos por aqui que podem demonstrar algum tipo de interesse por coisas desse tipo. Olho em direção ao lugar onde Fátima estava quando a vi, e vejo-a conversando com William. Apresso-me para encontra-los.
“Aee, nem vi nenhum de vocês dois, estava lá atrás vendo aquelas coisas sobre árvores da Região Norte e essas merdas todas.”
“Tem uns livros lá do lado, quero dar uma olhada lá, e tem que esperar a Ana, a Fernanda e uma amiga delas vem aí eu acho, sei lá. Tem tempo ainda.” – William encontrava-se disposto a conversar comigo o máximo possível e evitar os ataques bipolares de Fátima.
Conversávamos assuntos superficiais e não vou me lembrar de nenhum importante, cada um comentava um livro diferente. Tiramos um sarro da preferência de Fátima por escritores melosos e sua má pronúncia para com os nomes dos escritores de origem européia. Até ela ria e eu me sentia mal por tirar sarro de uma pessoa tão perdedora quanto eu, talvez mais.
Ana e Fernanda chegaram juntas. Ana era um morena que também tinha uma pele que seguia a coloração do cabelo, digo, nas proporções. O cabelo era totalmente preto, sua pele era um pouco mais morena, sem ser negra, mestiça, mulata, essas coisas. Fernanda era o contrário nesse aspecto, tinha um cabelo ruivo tingido e curto sem ser muito artificial, tinha uma pele branquíssima, característica que provocava-me um tesão instantâneo em qualquer mulher, feia ou bonita, e no exato momento que bati o olho dele imaginei suas intimidades rosadas, combinando com sua pele branca como papel, coisa que, mais tarde no metrô, meus olhos conseguiriam provar. As duas não eram feias, não para o meu gosto, pelo menos. William já tinha suas dúvidas quanto a Ana que, por ironia clássica, tinha uma queda visível por ele. Cansei das vezes que falei pra cair em cima e foda-se a beleza, mas com garotas somos diferentes, não tem jeito.
“Falta quem? A Margot?” – Perguntei ansioso com a resposta
“Margot não vem não, é a Renata, amiga minha, deve chegar daqui a pouco.” – Ana respondeu e minha cara por dentro foi para o chão.
Margot é um sonho meu. Só isso que vou falar. Não posso falar mais porque nunca a vi, nunca conversei, nunca ouvi sua voz e nem vi mais de duas fotos dela. Mas queria ela muito, muito. Mas não ia ter, é claro.
Um abraço típico de garotas jovens e vejo Renata cumprimentando as duas outras garotas, enquanto Fátima, William e eu papeamos alguma porcaria qualquer. Renata, assim como Fernanda, tem uma pele branquíssima, usa óculos com um armação escura e tem um cabelo loiro um tanto quanto escuro, tem um ar simpático e extrovertido, o que facilita para o dia não ser uma merda. Ainda foco mais minha atenção em Fernanda e nos vistosos peitos de Ana, que são valorizados devido ao decote exagerado que escolhera usar, deixando Renata aos olhos de William.
No caminho, como sempre, William, Fátima e eu nos excluímos das garotas, digo, conversávamos com elas e tudo o mais, mas sempre voltávamos para nosso casulo com espaço para cinco – Fátima ocupava três lugares – conversávamos, tirávamos sarro de nós mesmos, do nosso peso, nossa feiura, nosso azar. No vagão interagimos mais com as garotas, momento no qual não me arrependo nem um pouco, já que no vai e vem do vagão, tive a sorte de reparar que os seios de Fernanda eram menores do que seu sutiã e camiseta, revelando-os assim, aos olhos de gordos oportunistas, como eu. Como mencionei, meus olhos comprovaram o que meu cérebro imaginou mais cedo, a coloração rosada de suas intimidades, coisa belíssima de se ver. Essa visão me acompanhou durante toda a manha e toda a tarde, quando também puxei William de canto e contei o que via, nos divertimos assim durante o domingo, um olhando com o canto do olho para o outro, com um olhar infantil e dando um sorriso de adolescente em apuros para transar.
Tentava impressionar as garotas com meu raso conhecimento musical e cultural, elas não se impressionavam mas também não menosprezavam. Mantemos esse nível durante todo o trajeto do metrô, quando fomos buscar Jane e seu acompanhante estranhíssimo fisicamente e sexualmente numa estação distante da qual nos encontramos.

Já estava nervoso pelo show, não gostava muito de tocar em público, fazia pelas mulheres na verdade, não que elas aparecessem, mas era melhor do que não tocar. Minhas mãos suavam e eu tremia, não conseguia falar de jeito nenhum nem agradecer ninguém, era sempre assim só de pensar em tocar. Tentei disfarçar conversando com o pessoal sobre o festival.
Eu levava só duas gaitas nos bolsos, não trouxera violão ou baixo ou guitarra ou bandolin, nada. Não tinha onde trazer nenhum desses instrumentos, haviam roubado meu case quando entraram em casa no começo do ano, desconfio que tenham levado o case pra embrulhar as velhas bebidas que ficavam na cristaleira, para não quebrar. “ok” – pensei. Realmente esperava que deixassem alguns instrumentos a nossa disposição no palco, ou que alguém que fosse tocar lá confiasse em mim e me emprestasse. A falta de vontade de tocar que eu tentava esconder era clara. Um lado meu não ligava em se apresentar, o outro queria só ficar sentado na grama, conversar e deixar que os outros tocassem e ganhassem créditos e mulheres fáceis.
Descemos para encontrar Jane e seu garoto, o sol já dava suas caras, dividindo o tempo com o frio. Nada mais bonito do que um dia ensolarado, sem nuvens e com um frio nórdico. E com os pequenos e rosados seios de Fernanda à disposição de seus olhos, haha.
Jane nos esperava na estação há algum tempo já, imagino. Quando chegamos, cumprimentou a todos, nos apresentou ao seu amigo, que acho que se chamava Dante, e partimos à procura de algum ônibus  para chegar até o parque que tocariamos.
Quando já nos encontrávamos em um grupo numeroso, decidi parar de conversar com o pessoal. Amava, amo e sempre amarei fazer isso, ficar sozinho um pouco faz bem pra cabeça, principalmente quando o resto do pessoal está se matando pra provar quem é melhor que o outro, coisa que fazem sempre. Então sempre gosto de ficar quieto, o que faz alguns pensarem que sou um filho da puta, foda-se.
O parque estava repleto de jovens, todos com cabelos encaracolados e camisas xadrez, parece que era tipo uma lei isso. Mas pelo menos não encontrei nenhum metido a headbanger, com cabelos sebosos, camisetas pretas cheias de estampas ininteligíveis, balançando suas cabeças e deixando-me com vergonha por eles, dó e vergonha. Encontrei dois logo após pensar isso.
Sentamo-nos todos na grama e conversamos por uns momentos. Um homem que levava uma espécie de frigobar nas costas estava distribuindo água para o público. Fomos pegar, demorou uns cinco minutos para encher só três copos. Bebi a água e era com gás. Reguei o gramado.
“Melhor a gente ir indo lá atrás do palco e arranjar um jeito de falar com o pessoal, senão estamos fodidos.” – William falou e fomos ele e eu procurar uma maneira de conversar com os organizadores.
Arranjamos um modo de chegar até atrás do palco, Will e eu vimos uma quantidade invejosa de garotas acompanhadas de caras estúpidos, com cara de imbecil, aidéticos com um físico de trinta e sete anos, gays enrustidos com medo do que os outros pensam, namorando garotas inocentes para sentirem-se bem com eles mesmos. Passamos por todo o povo que se encontrava esperando pelo próximo som, enquanto o sistema de som tocava alguns clássicos dos anos 70, coisa boa.
Chegamos lá e explicamos toda a situação. Não havíamos trazido instrumentos, William não tinha como ligar o violão dele e eu não tinha como trazer os meus de jeito nenhum. A solução que arranjaram para o nosso problema foi a mais clara, rápida e eficiente que podiam ter pensado. Não tocamos.
Fomos dar uma mijada nos banheiros químicos e porcos que estava à disposição do público e pensávamos em uma desculpa que não nos envergonhasse par ao grupo que nos encontrávamos. E tudo o que queriamos era impressionar algumas delas. Sentamos novamente na grama, em cima de uns paninhos que não vou lembrar o nome precisamente agora, que Fátima sempre trazia para eventos assim, junto com algumas bebidas alcoólicas – que não trouxera dessa vez – e mais algumas coisas que Will trouxe, como salgadinhos e chocolates que escondemos da maioria para comermos sozinhos.
Will e eu, sozinhos como sempre, ainda nos divertiamos com a roupa larga de Fernanda, Ana continua dando em cima dele e ele não dava bola. Jane e Dante se agarravam, se abraçavam, se beijavam, se acariciavam, tiravam fotos, ignoravam a todos. Will se mandou pra um canto, Ana o seguiu. Invejei-o por isso. Senti que as pessoas sentadas na toalha de Fátima imaginavam que eles estavam se amando com fervor atrás das árvores do palco. Voltaram e William me explicou que não ficaria com ela, não estava afim de nada com ninguém. Compreendi, não faria igual, mas compreendi.
As pessoas continuavam em harmonia com suas parceiras, aquilo me entristecia. William estava triste por causa de um fora que havia levado. Fátima também estava triste, eu estava triste. As garotas estavam alegres, conversando, rindo, gritando com suas vozes estridentes irritantes. Jane se agarrava com Dante e riam carinhosamente um com o outro. Olhei para eles dois. Levantei e fui andar sozinho, sentar-me perto das árvores tentando chorar e não conseguindo, rezando para que Fátima não me seguisse, sabia que William não o faria, ele me entendia.

sábado, 11 de junho de 2011

singing, drinking, faking.


they keep singing on a
bar
singing till’ their throats burn
and their soul feels
satisfied
they have to satisfied their own
soul
otherwise all the night and
the futility of their
personalities will be  throw
away


the level of
falsity
that we can find in a
fucking
bar is huge
the level of dumb people
people who feel
insecure about their own
sexuality.
living with each other just for the convenience, kissing
hugging
squeezing
sucking and fucking
just for the convenience, fearing what the other dumb people will think about them


“hey, don’t you wanna a drink, Eric? Eric,right? Let’s drink, child!”
“I’m ok, thanks”
and I smile for them, and I feel sorry for myself
because I don’t belong to this place
I don’t belong to this people
my way of
fun
 is way different of their way of
fun.
but I still smiling and laughing several times
maybe I’m having a good time sitting in the
bar
but I don’t want to come back to places like
here
often


go to the bathroom and nobody cares about this
ok
I pee and when I comeback
they’re singing
again
I listen to my old friends singing together an beautiful song
and while they singing, I’m thinking about the painless way to die
I can feel their bodies together through the cold night
while I am alone again on my bed
with my cat sleeping on my legs  looking for some warm place to sleep


time to go
“let me drink a coffee first”
                                               - I said
nobody listen to me again. ok.
two coffees
alone
marvelous
the
best part
 of my night.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Um mês de atraso.

Havia acabado de melhorar de uma forte gripe tomou conta de toda a minha capacidade de fazer alguma coisa por um mês, até arrotar me tirava as energias. Não tinha dinheiro nem poder para ir em um médico, até porque imaginei que aquilo fosse acabar rápido, gripe não dura mais que alguns dias. Um mês depois eu consegui finalmente sair da cama para cagar. Na segunda feira seguinte da minha melhora eu fui, evidentemente, trabalhar.

6h00min

Saí da cama às seis em ponto, desacostumado com a antiga rotina devido àquela maldita gripe que não queria me largar, mas levantei com os olhos cheio de sebo seco da noite e o cérebro ainda em estado de demência. Tentei tomar alguma coisa, mas não consigo comer nada por um período de pelo menos vinte e cinco minutos depois que acordo, antes disso só café preto e com pouco açúcar desce tranquilamente pela minha barriga gorda. Faço um café que transborda pelo bule e suja o velho fogão que me acompanhava há anos, queimo minha boca e minha língua como todos os dias, tento comer um pedaço de pão sem nada. Levanto, lavo a pouca louça que sujei e minha mão congela com a água fria que desce da torneira, olho para fora e o céu está mais cinza e triste do que qualquer outro dia. Chuto que fazia uns 5 graus e eu de cueca em uma cozinha, descalço e com a mão adormecida devido ao frio. Não havia reparado no tempo até aquele momento. Trato de subir correndo a escada, pego uma cueca qualquer, minha toalha que estava meio úmida ainda – odeio toalha úmida – e entro no banheiro.
No banheiro eu olho para o espelho enquanto tiro a cueca, e quando a tiro, continuo olhando para o meu rosto, minha barba por fazer, faço algumas caretas e canto algumas músicas olhando para o meu reflexo e me acho lindo por alguns segundos. Tento lutar contra o meu narcisismo e vou abrir o registro do chuveiro. A água gelada quase perfura o meu braço, então a abro de uma vez e tiro o braço de lá e, enquanto esperava a água esquentar, me olho no espelho mais uma vez. Balanço meu pinto que nem um girocóptero e entro no banho.
Por algum motivo que ainda desconheço, a água não estava caindo com força, não tinha muita pressão para jogá-la contra o meu corpo como nós vemos nos comercias. Então o chuveiro só molhava uma parte do meu corpo enquanto alguma outra parte congelava, a solução foi ficar girando lentamente enquanto tomava banho, que nem uma dançarina de algum talk show dominical. Brinquei um pouco que era uma dançarina, toquei um pouco de guitarra, baixo, fingi que era um escritor famoso em uma coletiva de imprensa. Saí naquele frio escandinavo e me sequei em questão de segundos.
 Depois de alguns minutos procurando alguma roupa e blusa para aquele frio, lembrei que uma parte das minhas roupas de frio estavam na casa da minha mãe. E a outra parte estava tentando se secar no quintal, mas com esse tempo era mais fácil secar gelo. Peguei a camiseta do pijama - que ainda cheirava à cama quente, o que quase me fez voltar para a mesma - uma camiseta de manga curta, a mais grossa que pude achar, uma camisa de flanela preta que achei que nem existia mais. Uma meia com o tecido a ponto de rasgar, meus tênis novos que desejava que envelhecessem logo e minha calça jeans larga na canela e apertadíssima na virilha.

6h40min

Pretendia ter feito tudo o que acabei de registrar aqui em menos de trinta menos. Mas sempre pretendo isso. Perco-me no banho com os meus devaneios e esqueço de tudo o que está acontecendo. Principalmente se estiver frio e a água quente.
Tinha que entrar às 7h30min. E o transporte público não ia me ajudar. Ia, na verdade, mas com a competência que lhes cabe nos dias de hoje. Nula. Corro pela casa pra tentar colocar pelo menos um desodorante e não feder durante o dia. Tropecei e quase perdi um canino. Levantei. Bati a mão na camisa pra ver se não tinha sujado. Mando um beijo pro meu gato. Rua.

6h45min

Vejo que ainda não estou tão atrasado, diminuo o ritmo um pouco e coloco as mãos no bolso apertado da calça, quase não cabe e não consigo mais dar passos largos ou eles quebrarão. Sinto um vazio e lembro que deixei o celular em cima da escrivaninha, carregando. Checo o outro bolso e também não sinto nada. Enfio a mão o máximo que consigo pra dentro dele e tiro um papel. Dinheiro. Dinheiro o suficiente pra ir e voltar pra casa. A rua está completamente deserta, apenas alguns cães ladram por lá, nem as velhas senhoras que madrugam para cuidar de suas velhas casas estão nas suas calçadas. Nenhum ser humano por perto em um raio de centenas de metros. Ótimo. Continuo minha caminhada não tão rápida e nem tão lenta em direção ao trem.

7h00min

Espero o trem na plataforma, quarenta e cinco milhões de pessoas decidiram usar o trem hoje, aparentemente. Ou eu que não lembrava o quão cheio ele era? De qualquer modo, a massa de pessoas fedorentas, mal-educadas, feias e miseráveis, pessoas como eu e você, ao tentar entrar no trem, me empurraram pra dentro dele e consegui ficar em uma posição perfeita, digo, não ruim. Perfeito seria estar nas cobertas novamente.
 Enfim, o lugar que acabei sendo jogado parecia que havia sido reservado para uma pessoa do meu tamanho, e ainda havia uma loira natural de olhos azuis com a bundaapertadíssima. O inconveniente causado não precisa de comentários. Mas cada um permaneceu na sua até a hora em que ela desceu em uma estação não muito distante daquela na qual entrei. Em seu lugar, uma gorda de cabelo enrolado e dentes de coelho ficou de frente pra mim. Três dedos da minha boca. Lembrei que não havia escovado os dentes antes de sair de casa.

7h30min

Atrasado, sem celular e com a boca podre. Mas estava quase chegando, poderia telefonar de um orelhão se precisasse e há chicletes anti-sépticos em qualquer boteco da cidade. Encontrava-me há duas estações da qual precisava descer, coisa rápida. Na penúltima, uma leva de pessoas maiores que a obesa que há pouco quase beijara minha boca pútrida, entra no vagão e me manda para a porta do lado oposto ao o que eu havia entrado. A porta que não abria na minha estação, evidentemente.
Com a mão cobrindo suavemente minha boca, para não perceberem que ela cheirava à fermentação noturna com café preto e pão seco, começo a pedir licença para todos os paulistas, nordestinos, negros, brancos, chineses, bolivianos, indígenas, bêbados, sóbrios, drogados, retardados, velhos, velhas, adolescentes, grávidas, folgados. Todos são folgados, eu sou folgado. Uma velha negra e nojenta me olha com cara feia e murmura alguma coisa pra si mesma. Todos são uns filhos da puta quando estão dentro do transporte público. Quando estão fora também, só que não tão próximos de mim.
A porta se abriu e ainda havia três pessoas na minha frente, usei toda a força do meu corpo, ouvi reclamações, xingamentos, maldições pelas minhas costas. Estava fora.

7h37min

Minha bunda estava completamente suada, minhas pernas também. Não há sensação no mundo pior do que essa, acreditem. Quem já passou por isso sabe muito bem do que falo. Se você estiver usando uma calça jeans então, é melhor se sentar e tentar não enlouquecer. Pensei em sentar por dois minutos só para secar um pouco minhas pernas, não tinha tempo. Saí andando a passos largos pela plataforma, subi a escada normal, não a rolante, o que não melhorou a situação da minha bunda/pernas. Não há sensação pior que essa no frio, simplesmente não há. Não há mesmo. Rua novamente.
Praticamente corria em direção ao lugar onde se encontra meu trabalho, que é há poucos metros de onde acabara de sair, pra falar a verdade eu ainda poderia me atrasar por até 20 minutos, mas como não apareci por um mês e não justifiquei nada, achei melhor impressioná-los e chegar no horário de sempre. Mas não corria risco nenhum.

7h48min

Entro e tento esconder meu cansaço e dou bom dia e explico bem pausadamente a minha ausência às secretárias do primeiro andar, não presto atenção em absolutamente nada que elas disseram, só queria subir. Meu suor escorria pela minha têmpora, interior da coxa e toda a extensão do tronco. Marco o horário que cheguei, subo para a minha sala e começo o trabalho.
As pessoas me saúdam com fervor, me sinto bem por isso. Todas tinham uma expressão de surpresa em seu rosto, surpresas até demais, estranhei um pouco aquilo tudo, não sabia que era tão querido assim naquela merda.
Sento-me e começo a fazer o trabalho de sempre, nada demais, organizo os papéis – quase nenhum é meu – penso em ir conversar com o meu chefe e justificar minha ausência. Preferi organizar tudo – que estava uma bagunça – e fazê-lo só no final do expediente.

10h22min

Não conversei muito com quase ninguém, revirei meu cubículo de pernas para o ar procurando alguns papéis e documentos importantes que havia deixado por lá desde a última vez em que pisei na firma. Lembrei que havia pegado todos e deixado na casa da minha namorada, que agora era ex, e que devia passar lá semana que vem e pegar tudo. Olho para a bagunça que fiz e dou risada sozinho.
Uma fome inexplicável toma conta do meu estômago. Vou deixar para o almoço. Não consigo e peço para segurarem as pontas enquanto desço e como um sanduíche qualquer lá embaixo.
O sol estava fraco, mas embelezava o céu cinzento e as poucas árvores da rua, do parque que ficava em frente à firma, tudo ia aos poucos sendo iluminado pela fraca e lenta luz do sol. Não encontrei nenhum carrinho vendendo sanduíches, também não sei de onde havia tirado essa idéia, já que nunca vi ninguém vendendo isso pelas redondezas. Segui o cheiro mais fascinante que senti durante semanas e fui parar de frente para um sujeito de bigode e pele morena vendendo espetos de carne. Dei R$1,50 em suas mãos, peguei meu espeto. Comi enquanto observava lentamente a ascendência da luz da manhã vencendo o cinzento e deprimente dia. Joguei fora o palito que restara, despedi-me do homem de bigode e pele morena, que nem escutou o que eu disse, e voltei ao trabalho.

10h39min

Organizo minha mesa novamente, sento-me, trabalho.

12h30min

Almoço. Um colega meu me arranja um sanduíche que trouxera de casa, havia dado uma festa na noite anterior e sobrou muita coisa, decidiu comer no serviço e dividir com algum pessoal. Não precisei gastar dinheiro com o almoço e papeamos um pouco sobre festas em família, trabalho forçado, algo sobre gripes e fui pegar café para beber.

13h30min

Fim do almoço. Vou à sala do meu chefe e ele não está, espero dez minutos e acho melhor voltar à minha mesa e adiantar algumas coisas. Ou melhor, correr e tentar fazer tudo, estava com um mês de atraso!
Adiantei o máximo que consegui, tirei uma grande parte da grossa camada de trabalho que se acumulou em cima das minhas costas durante a minha ausência.

15h30min

Arrumei as minhas coisas e me preparei para ir embora, não sem antes passar na sala do meu chefe e explicar o um mês de atraso.
Bati em sua porta.

“Eric?! O que faz aqui?”
“Ãh, senhor, eu fiquei fora muito tempo. Desculpa. Fiquei severamente debilitado em conta de uma gripe fortíssima e destruidora que peguei, tive que ficar quase que o mês inteiro fora”
Olhava pra mim com seus olhos pequenos e seu cigarro king size queimava lentamente em suas mãos
“Por isso vim aqui, no final do meu expediente, pra me justificar. Claro que não precisa me pagar esse mês, pelo amor de Deus, não vim aqui para isso. Só vim para justificar minha falta e pedir desculpas pelo atraso”.
“Eric” – ele olhou para mim e estava com os olhos arregalados – “Sinto, mas você está demitido há mais de três semanas. Tentamos ligar para você logo que começou a faltar. Mas você não atendeu e tivemos que demiti-lo, se você checar seu e-mail, verá nossa carta de demissão”
Havia dado o telefone da casa de minha mãe quando entrei na empresa, me mudei de casa e esqueci de mudar o telefone. Eles ligavam para a casa dela, e ela não atende ao telefone nem se enfiarem na cabeça dela.
Olhava para o rosto de dó do meu chefe.
“Vou receber meu cheque?”.
“Evidentemente, Eric” – respondeu com um sorriso no canto do rosto.
 Ficamos em silêncio por alguns minutos, uma vontade de fumar um charuto barato tomou conta de mim.
“O senhor sabia que o churrasco aqui da rua de baixo é muito bom?”.
“Ãh? Não, digo, mas vou experimentar. É, obrigado pela dica, Eric, meu rapaz”.
“Ok, tenha um bom dia, senhor”.

Rua.

15h47min

Segui em direção ao trem novamente. Não fazia mais frio, entrei em um canto, tirei a camiseta do pijama, amarrei a camisa em volta o corpo e usei só a grossa camiseta de manga curta que achei no guarda roupas. Caminhei pela passarela em direção ao guichê para comprar um bilhete. Remexi o bolso e me dei conta de que faltavam R$1,50 para completar a passagem. Voltei para a rua.
Vi meu antigo chefe descendo a rua em direção ao homem de bigode e pele morena. O frio se fora e o sol da tarde iluminava tudo à sua volta e preparava para se pôr. Não havia ninguém na rua, nenhum ser humano. Ótimo.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Jane Campagnelli

não me lembro  a que horas cheguei na casa de Bill Boccardo. lembro apenas de estar um dia de merda – como hoje -  e queria apenas chegar na casa de Bill e conversar até o começo da manha.
“Bill, como faço pra chegar? essas porras de ônibus são tudo igual, puta merda”
 me passou um caminho pelo telefone do jeito bem explicado, rápido e demorado ao mesmo tempo, como ele sempre fazia. falava demais, de um jeito apaixonado, apaixonado por suas convicções e sempre querendo ensinar-me sobre a vida, sobre a energia, sobre o ser. era foda.
chego em sua casa, como já disse, com um tempo de merda. depois de pegar um metrô de merda e um ônibus de merda. não ligava para nada disso, toda a merda se acertava depois.
“Aííí, Eric!” – cumprimentou do jeito calmo de sempre, quando cheguei no seu quarto e encontrei-o deitado – “Nem sabe, cara. fui pegar uma caixa lá embaixo, na garagem, quando fui subir a escada de volta eu pisei em falso e fodi o pé, olha.
mostrou-me o pé inchado como duas batatas, fiz uma cara de aflição e senti a dor na minha perna.
“puta merda, nem vai dar pra gente sair hoje de noite, então? avisava que eu nem viria até aqui encher o saco. doendo?
“incomoda pra cacete. mas vou no hospital agora com a Ingrid, aí você fica aqui. fica à vontade, pô. você sabe que é de casa, Eric.”
de fato eu era de casa, me sentia bem lá, tímido como em todo lugar, mas bem. poderia ficar lá numa boa esperando o regresso dos dois que provavelmente seria rápido, não havia quebrado nada. lembrei de um porém.
“putz, Bill, eu tinha chamado a Jane pra vir aqui passar o dia com a gente, agora ela já deve estar chegando, mora aqui perto.”
“aahhhh, relaxa. ficam aqui na boa, comam o que quiserem, pode jogar aí, vê tv, filme, aqui tem tudo, pqp. à vontade. vai ficar sozinho com a Jane, que acha disso? haaahahahaaa” disse com sua risada grossa.
eu ri.
Jane Campagnelli era uma amiga de infância de Ingrid Nustievich. não sei como resumir a história, mas o importante é que Ingrid namorava Bill, meu amigo de infância, e Jane acabou virando amiga de todos nós um tempo depois. e, claro, era um tesão.
Jane e eu éramos grandes amigos, pelo menos era o que ela queria de mim. obviamente eu queria fode-la com todo o tesão que a juventude proporcionava a um garoto gordo e ridículo como eu. mas não era apenas físico, a filha da puta acionava toda a porra do meu sistema emocional, vê-la me dava apertos no peito, sentir o cheiro dela em alguma outra garota causava-me falta de ar, ver a pele branca dela de perto e não poder encostar e revelar suas intimidades rosadas e maravilhosas causava-me câncer, não tê-la deixava-me nesse estado.
campainha estridente e irritante toca.
abro. Jane com seu sorriso de garota francesa da década de 20 olha pra mim e eu tento fotografar o momento no meu cérebro pra guardar pra mais tarde.não consigo. abro o portão.
Campa estava com um forte resfriado e sua saúde andava uma merda há mais de duas semanas, conversamos um pouco e nos despedimos de Bill e Ingrid, que rumam para o hospital para cuidar da dupla de batatas que tomaram conta do pé de Bill Boccardo.
deitamos na cama e ficamos olhando um para o outro, o desenho animado que passava na TV era bobo, mas engraçado. encostei minha mão em sua coxa, enquanto encarava seus olhos verde-oliva, bem pequenos e discretos, e ela fez o mesmo com as minhas costas. o tema de abertura do desenho tocava, e começamos a cantarolar ele com a boca fechada, e acompanhar ao ritmo com as mãos no corpo um do outro. a sincronia perfeita fez nós dois rirmos que nem um novo casal no dia dos namorados.me aproximei dela, sempre olhando em seus olhos pequenos que me faziam parecer um idiota. comecei a passar a mão lentamente por toda a região do tronco dela, lentamente, até um pedaço de merda defumada sentiria minha paixão por ela só de chegar perto daquela cama.
o fato de Jane estar doente não fazia a mínima diferença para mim, gripe eu aguentava e, por ela, acho que aguentaria umas semanas de cama, me fodendo que nem um filho da puta por uma simples foda, mas eu estava disposto a aguentar sem pensar duas vezes.
quando minha mão alcançou seus peitos e revelou-os aos meus olhos, meu corpo, mente, coração, rola, alma, nada estava conseguindo segurar mais a vontade que eu tinha de possui-la lá mesmo. de beija-la por longos minutos, devagar, dizer que a amava e que queria ter ela só pra mim, mesmo que fosse por pouco tempo, que queria tentar fazer a juventude dela valer a pena apenas um pouco e não ser essa merda ignorante que é a de todos nós foi. não conseguia fazer isso.
subi sua camiseta, no nervosismo não consegui tirar o sutiã e ela o fez com um sorrisinho envergonhado – meu coração pulava, minhas pernas tremiam, mas ela não percebia, ou percebia e fingia não perceber- passei a mão por fora de sua calça, depois por fora da calcinha, depois dentro da calcinha. ela gemeu. gemeu do modo mais lindo que eu jamais havia ouvido. nada forçado, ela gostava. meu corpo inteiro tremia e o mundo inteiro girava, meus dois dedos estavam latejando de dor, mas eu não queria parar. não queria nunca mais perder aquele rosto de vista, aquela expressão que ela fazia enquanto meus dedos doloridos faziam parte de seu corpo, ou ao menos tentavam.
Jane estava sem roupa nenhuma na cama de Bill Boccardo, a visão de seu corpo nu era milhões de vezes melhor que eu jamais consegui imaginar. seus seios pequenos, brancos e rosados no meio. sua barriga perfeita e lisa, sua pele macia como a de nenhuma outra mulher, sua coxa perfeita, a melhor bunda que tinha visto na vida. e era REALMENTE a bunda mais incrível do mundo. não acreditava que aquilo estava acontecendo e, de fato, falei isso pra ela com a voz mais animada e inocente do mundo. o mundo era lindo e a humanidade era perfeita. todos se amavam, todos faziam amor despreocupados. despreocupados  com a guerra, a morte, a vida, a política, a bomba H, a merda.

mas a humanidade enoja, o mundo fede, a guerra mata, a morte é superficial, a política rouba, a bomba destroi e a vida é uma merda.  

youth 19

walking by the dirty streets of this
shit
city, going home finally
my head, eyes, mouth, dick, asshole
my soul
all my soul and my body are looking at
the ground
four niggers sitting on the square
with wood joints  and the evil look
I always look at them
I look at those evil and red eyes
And I fear them
I fear those black eyes, black soul, black evil, black skin
i
fucking
fear them
and they fear me. they fear my eyes, we all fear each other eyes
we don´t love anybody anymore, we
just
fear
each other.
The music has stopped and the coffee blows an beautiful smoke from the black, the dark, the nigga liquid that spotted my brand new and favorite t-shirt
i look at  the
street
and  the wind blows with an
strong an
huge force
and the youth is not that
joy
anymore
and the maturity its not an option
not
anymore
today
tomorrow
to the hell
we are all condemned to
fucking
act
like
some
stupid
mother
fuckers.

And Händel keeps playing like an angel in my ears and the coffee
saturated with sugar
keeps burning my pink lips once more. 

sábado, 4 de junho de 2011

Eric e William passeiam pela avenida

Estávamos William e eu sentados em um café do centro, próximo do metrô e dos antigos e luxuosos prédios habitados por sub-celebridades e artistas em decadência. Comiamos um misto quente elitizado que queimou a minha língua, pra variar,  e copos de uma bebida cara feita com mate. Conversávamos entre nós e, vez ou outra, com os atendentes do local.
- Essa porra aqui é boa demais, mas o tomate queimou a minha boca – reclamei com um sorriso idiota
- É mó merda isso, mas é bom ou não é o gosto? – os olhos quase esverdeados de Will me analisavam por trás de seu óculos.
- Pra caralho, puta merda, pão de batata deixa tudo melhor! Esse suco aqui também, muito melhor do que imaginava.
E assim continuamos por alguns minutos, jogando conversa entre amigos fora e, quando Will voltava sua atenção para algum atendente, olhava para trás e passeava os olhos por toda a rua. Era um lugar de dar inveja. Me sentia na década de 40 sempre que passava naquele lugar. Olhando a bela arquitetura de época e os velhos que ainda se vestiam elegantemente com o estilo que reinava naqueles tempos longínquos.
-Lugar foda, trabalharia aqui fácil – Falei para William enquanto me perdia em devaneios olhando para a simpática banca de jornal que ficava próxima à lanchonete onde estávamos.
- Adoro vir aqui, passo o dia inteiro quando venho – Senti inveja de sua sorte
Apesar de toda aquela região do centro ter mesmo um olhar de anos 40 decadente, aquele canto em especial parecia ter preservado toda a sua essência, quero dizer, fedia como todo lugar do centro e sempre havia mijo e mendigos por lá. Mas ainda sim o lugar mantinha a tranquilidade visual e sonora que só imaginamos que havia décadas atrás. O sol batia de canto no final daquela esquina, a sombra da tarde misturada com um leve frio tomavam conta do ar, enquanto artistas tomavam conta das ruas e pessoas tomavam conta de suas vidas. Terminamos de comer e fomos andando por lá, em direção ao metrô mais próximo. Aquele típico clima das tardes do centro reinava naquele lugar. Conversávamos sobre livros, como sempre, alguns filmes e garotas. Sempre pegávamos nossos assuntos a partir desses três tópicos e daí criávamos ramificações e derivações disso, misturando com sarcasmo e bobagens escatológicas que recheavam nossas vidas de merda.  Chegamos  ao metrô
- oi, moço. pode me comprar três passagens pra poder pegar minha mulher e meu filho e irmos pra casa, eles acabaram de sair do hospital aqui ao lado e.... – um homem suspeito que me deixou com dó.
-Não tenho...é...ah, cara, ando sem trocado...é que... – sempre fico sem jeito em situações assim.
- você tem, moço? – virou-se para William
- É...não tenho, cara. Dinheiro contado aqui pra comprar a minha. – Will e eu compartilhamos do mesmo talento para se comunicar com outros seres.
O homem foi mendigar suas três passagens para outra pessoa e nós dois tivemos uma breve conversa sobre quão merda era a vida dessas pessoas, que tinhamos muita dó e que, se fossemos ricos, jogariamos dinheiro por aí, assim ninguém mais teria que tomar no cu diariamente e se rebaixar perante os outros só para conseguir voltar para uma casa imunda e às suas miseráveis vidas.
Não me lembro exatamente qual foi o assunto que discutimos no vagão, mas lembro-me que envolvia música, mulheres e bandas frustradas da juventude.
-Que nem o que a Jane fez comigo, filha da puta. Mas na época não me importei muito, não me importo ainda, mas se ela morrer não fará diferença nenhuma na minha vida – Will comentava sobre ela
- É, foda. Não sei como o Julio aguentou ela por quase um ano. E depois vocês ainda discutiam por causa dela. Mulher não vale nada, é tipo a Campagnelli. Só me fodeu e ainda me fode.
- E você ainda fica lambendo ela, é um idiota. Na boa, cara, não queria que ela viesse hoje com a gente. Aliás, queria que só nós dois viéssemos hoje exatamente para discutir sobre essa porra toda que aconteceu semana passada.
-Ah, é foda...sei lá, nem gosto muito de pensar nisso, pqp – Sempre tento fugir
A iluminação no metrô era péssima, aquele branco de hospital, só que esmerdeado. Odiava aquela atmosfera e toda aquela gente incompetente que me rodeava por lá. Mesmo assim era apaixonado pelo metrô e a tranquilidade que ele me trazia quando andava nele durante as tardes de dias de semana. Me sentia em uma música dos primeiros discos do Bob Dylan, principalmente quando o clima típico que citei acima pairava pelo ar. Largaria qualquer livro só para poder ver aquela visão e imaginar Campagnelli abraçada comigo, beijando meu pescoço no vagão vazio, com seu sorriso infantil e seu olho quase imperceptível e calmo olhando para a mesma paisagem urbana que eu.
- Você vai querer o bandolim mesmo lá dos EUA? – perguntou tirando-me daquele devaneio que desejava que fosse eterno
-Ah, sim. Vê me traz uns dois Ray Ban daqueles fodidos de fabricação que são baratos e tal – respondi de uma vez só
- Vou ver velho, se eu nem for trazer mais nada – disse com incerteza
-  Relaxa, depois a gente vê isso.
E voltamos a intercalar conversas rápidas e devaneios utópicos de minha parte. Pensando em Campagnelli, óculos, Jane, Julio e bandolins e ukeleles. Mas sobretudo em Campagnelli
- Umas 15:20...15:30, não lembro – respondi
Descemos na estação que dentro de meia hora ou mais encontraríamos Campagnelli e descemos uma das travessas da avenida principal, procurávamos por qualquer coisa que valesse a pena ver, e conversávamos sobre depressão. Will sempre falava coisas que me eu pensava em falar no momento ou no ato. Combinávamos que nem um casal de velho que já sabe das manias de cada um, que sabe qual será o próximo ato, a próxima palavra, a próxima decepção. O fato de nós dois sermos bem frustrados com o andamento que a vida e o mundo levam, criou um laço forte entre nós dois. Não uma relação na qual só há reclamações, sentimentalismo e romancismo, mas com certeza o elo que nos ligou está escondido em alguma dessas características de nós dois.
Entramos numa velha livraria e paramos a conversa sobre depressão, iriam pensar que planejávamos um suicídio em massa, só tem nóia por lá. Logo de cara fomos para o lado mais distante da loja, abaixávamos e levantávamos em busca de livros que nem nós sabiamos quais. Só estávamos matando o tempo e acabamos encontrando coisas interessantes. Enquanto Will se entretinha na sua procura por livros de Henry Miller e animava-se com os baixos preços da loja, fui perguntar ao vendedor e, pelo que me parecia, dono da livraria, sobre alguns livros do Bukowski.
-Ahh, Bucóviski tem todos, mas acabou tudo. Sempre aparecem todos por aqui, mas a procura é grande, então some tudo bem depressa.
- Ahh sim
Troquei mais umas palavras aleatórias com o vendedor sobre “Bucóviski” e subi com William na escada que dava para outro andar da pequena livraria, lá encontramos um gosto em comum. Psicologia.
- Barato pra caralho tudo por aqui
-Né
Conversei com o dono da loja depois sobre a possibilidade de trocar gibis antigos do meu pai por alguns livros de psicanálise que me interessei. Com a falta de resposta esclarecedora por parte do homem, peguei uns cartões da loja e, junto de Will, nos despedimos do homem  e da gostosíssima vendedora que tinha acabado de chegar para seu expediente.
Estávamos atrasados para nos encontrarmos com Campagnelli, então subimos a rua de volta à avenida em passos um pouco mais largos, conversando novamente sobre mulheres e livros. Olhei para frente e me diverti um pouco com a vista que tinha dos carros atravessando a avenida, das pessoas correndo para seus trabalhos, atravessando as largas ruas do lugar para chegar em algum canto. Comecei a me arrepender  de querer sair com Campa novamente, Will sempre me advertia sobre o perigo que essa garota trazia para mim e, como sempre, estava certo. Nunca dei ouvidos a o que meus amigos mais íntimos tinham a me dizer.
Cumprimentei-a com timidez, como sempre. O mesmo fez William. Fomos conversando e andando em direção a mais alguma livraria pela região. Não fazia idéia do que eu falava ou o que fazia, só pensava e chorava internamente pelos dias em que Campagnelli e eu ficávamos deitados juntos olhando um para o rosto do outro, sem fazer ou falar nada, com a minha insegurança bem longe e não pensando em mais nada ou ninguém além daquela garota loira e branca que nem papel. Com os olhos fechados  e sem dar a mínima atenção à mim, só respondendo com um sorriso automático e vazio quando eu fazia alguma brincadeira apaixonada com ela, devia ter imaginado desde o começo o que aconteceria caso me apaixonasse, mas, como dizem...somos uns imbecis.