segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O velho chileno.

    Estava na pausa para o almoço da IBM, empresa em que Marc trabalhava há um tempo razoável e tirava uma quantia igualmente razoável no final do mês para um homem que quase sempre viveu sozinho. Marc não estava querendo gastar dinheiro no almoço, e nem estava com tanta fome assim, para falar a verdade, então decidiu ir para casa, comer um lanche simples, adiantar um pouco da limpeza da bagunça que a casa se encontrava naquela última semana em que estava sem tempo para nada e depois voltar ao trabalho. No caminho parou seu Ford em frente a um bar que ficava na esquina de sua casa e pediu uma cerveja; Marc nunca mais tomara cerveja e nem gostava mais do sabor, mas foi tomado por uma vontade súbita e avassaladora de degustar uma garrafa de cerveja gelada, pelos velhos tempos. Pagou sua cerveja, comprou umas cigarrilhas baianas que viu no caixa do bar e seguiu para sua casa.
Desceu até sua casa à pé, deixando o carro em frente a padaria e fumando uma das cigarrilhas baianas com aroma de chocolate. No longo portão de dona Ana viu o gato malhado que jurava estar morto há anos, já que o gato era velho desde que ele se lembra, o gato sorriu para ele, ele sorriu de volta com fumaça de chocolate na boca e continuou caminhando em direção a seu mais do que velho portão enferrujado e destruído pelo tempo, da casa que era de sua família há muitos anos, e ele era o único que ainda morava com lá. Seu pai havia passado uns últimos meses, se não me engano até uns anos naquela casa, seus anos finais ao lado do filho, quase abandonado pelo resto da família.
Depois de fechar o portão com dificuldade, Marc abriu seu caminho por entre os matos e ervas daninhas que cresciam que nem bambu em seu quintal completamente largado, ao lado do antigo Fusca 66' de seu pai, que mais parecia um monumento bombardeado do que uma carcaça de carro. Jogou a bagana da cigarrilha no meio daquele matagal, sem se importar nem um pouco se poderia botar fogo na casa, ainda mais depois que ouviu um barulho fraco de água corrente vindo da cozinha e imaginou ter esquecido a torneira aberta a manha inteira.
"ahh, merda"
Se aproximou e percebeu que a porta estava completamente aberta. Pegou uma pedaço de pau que tinha no chão no quintal e correu pra dentro de casa, pra tentar pegar o filho da puta no flagrante. Mas não era nada. Bom, não era nada de ruim. Era algo bom. Algo comum. Era seu pai, lavando a louça no escuro, como sempre fez.
"Pai?"
"ôô negrão, veio para o almoço con tu padre?" - disse René, com seu velho sotaque do Chile, que Marc tinha certeza que ele sempre dava uma exagerada pra nunca se esquecer da vvelha língua.
"ah, quis adiantar umas coisas aqui. Por que você tem essa mania de fazer tudo no escuro, pai? Uma luizinha ligada por alguns minutos não vai sair mais caro na conta...e ainda por cima, eu pago."
"ahh, deixa pra lá isso. Faz um cafecito para nosotros enquanto termino de lavar essa louça."

Marc foi preparar o café e acendeu as luzes e abriu as janelas da casa, querendo tirar um pouco aquele cheiro de mofo que ficava na casa quando estava fechada por muito tempo. Pediu a René, seu velho pai, que contasse suas histórias dos tempos de pugilista, depois dos tempos de exército, depois da sua chegada ao Brasil, depois como conheceu sua mãe, Louisse, depois de alguns cafés e de mais liberdade dentro das conversas, foram compartilhando histórias das diversas amantes que ambos tiveram durante suas vidas, quando eram mais novas (e algumas até quando mais velhos, por que não?). Marc sempre adorava ouvir as histórias de seu pai, de ver suas fotos como pugilista, suas lembranças do exército, desde pequeno ele sempre pedia para o pai contar as mesmas histórias, e o velho René sempre as contava no mesmo tom, como se fosse a primeira vez que as tivesse contando para um ouvinte completamente novo. Marc acendeu uma cigarrilha de chocolate e seu pai, curioso, perguntou:
"Que cigarro é esse aí, nego?"
"é uma daquelas cigarrilhas, pai, sabe? De chocolate, o cheiro incomoda o senhor?"
"Incomoda é você não me dar uma logo, vai."
Marc sorriu e acendeu a cigarrilha para seu pai, que adoçava mais uma pequena dose de café.
Pai e filho não perceberam, mas ficaram mais de duas horas papeando, Marc já havia percebido que tinha perdido a hora para o trabalho, mas simplesmente fingiu que não tinha visto e, ao ver o primeiro bocejo de sono de seu pai, percebeu que o velho já estava ficando com sono, mesmo tendo bebido tanto café. Levantou da cadeira feliz, não tinha uma conversa daqueles com seu velho há muitos anos, uma vez ou outra ele contava uma história, mas dessa vez foram todas de uma vez só, que nem quando era criança.
"Foi boa a conversa, mas tenho que ir trabalhar, pai"
"E eu tengo que dormir, negão" disse, já começando a subir a estreita escada que dava para o quarto.
De repente Marc lembrou de uma coisa.
"Ei, pai, pai!"
"Hola?"
"Pai, desculpa ser rude, mas não sei como posso perguntar isso de uma outra forma...mas o senhor não está morto?"
René sorriu um pouco e era possível ver o buraco de seus dentes da frente, e disse, ainda sorrindo:
"Negão, ninguém morre nisso aqui. A morte não existe."
Marc viu seu pai subindo as escadas com a mesma tranquilidade com a qual sempre subia para se deitar no meio da tarde, em direção ao quarto iluminado pela luz do dia. Ouviu os passos do pai no quarto, o barulho da janela se fechando com dificuldade, e a cama rangendo com o peso pena de seu velho pai René. Marc sorriu, acendeu mais uma cigarrilha e foi buscar seu carro na padaria, passando novamente pelo gato malhado, que agora parecia ter uma coloração bege.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

ginger.

This one just hit me on my mind
i was not expecting  to type today, maybe in the morning
                                                        but i oversleep and the day has roll over
like buffalos running on the rivers
and here i am now
9pm
wearing only my underwear, as usual
thinking about girls, as usual. suffering again
as usual.

this one
i dedicated to my redhead
the redhead of my life
with her pink and beautiful lip
white skin
little breasts
great ass
great body
i love her
with her delicated way of being.
and the worst part of this poem
is that i don't  have her
because i'm the ugliest motherfucker in the whole world
ya know whata mean? i know you know.
The sad part of the poem is that the redhead
with all that great and soft skin
don't even know that i exist
and, in fact, if she already saw me
i'm pretty sure that she want to see me dead
cos' i expel ugliness and sorrow
and they don't want someone like that.

but i'd do anything to have her
to prove to her
that i worth some shit
that i can worth at least a little shit
that even the ugliest and fattest of the guys around her
can be a nice guy too
or not. but i'd like to try someday
i'd like to have balls to talk to girls like
my redhead
courage to face her evil look
with those dark green eyes
kissing other boys
handsome boys
who play the guitar very well
who know how to treat a girl like a man
but in the end we're all children
looking for some other children
to fuck
while the losers,
the fat,
the mentally ill
and the geeks
they get weak
and their souls begin to disappear

but the redhead, with that orange or red hair
with that cute lip
little hands & white skin
with her face full of little freckles
and their simple cloathes
she's never gonna lost her soul
no.
her soul is there, quite, happy, grinning at my face
and my soul is going away
sometimes i just don't feel her anymore
but i always gonna take care to not let the last
spark
of soul
go away from me.
Until there, if a keep my eyes on her and my finger typing
i'm gonna live another day.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

até a vista, meu velho.

Esse vai ser sem rodeios, sem metáforas e palavras difíceis
Dyorgines morreu
está morto
e, obviamente, tinha a vida
inteira
pela frente
mesmo que fosse um caminho deprimente e
vazio
ainda tinha ele inteiro a percorrer
mas a vida é triste e as coisas nunca acontecem
e quando acontecem,
alguém morre
alguém decente morre
e os pedaços de merda com pés andam por aí
conseguindo garotas
amigos
dinheiro do papai e da mamãe
rindo
bebendo
trepando
e Dyorgines está morto
com uma veia estourada na cabeça
relaxado
e sinto inveja dele, um pouco
não; bastante.
Está livre
de todo mundo
e do ódio de todo mundo
e do seu próprio ódio, também.
tão
bonito
ver alguém ser livre finalmente
sinto pena por ter sofrido tanto
e pena de sua família
mas ficarão bem
todos ficam
até eu, comendo meu skittles
e me masturbando vez ou outra
fico bem no final de tudo
Dyorgines ficará bem.

digo,
se tiver alguma merda após a vida, ela TEM que ser no mínimo melhor
do que isso aqui
porque convenhamos
tá tudo uma merda.
e ele conseguiria ir pra esse lado bom
porque era um cara bom
apesar de quieto
e de ter se fodido a vida inteira em todas as escolas que passou
passando por todos os tipos de merda
de filhos da puta
big shots
gostosões; fodões
sofrendo na mão deles
como tantos outros coitados por aí.
tive muita sorte, apesar de tudo. impressionante

Dyorgines morreu
e outros vão morrer
quem ler isso vai morrer
quem escreveu isso vai morrer
e temos que agradecer por isso; quem sabe assim
se formos inovando dia a dia a raça humana
um dia apareça alguém bom de novo
existem muitos dos maus
estão por aí em qualquer lugar que você for ou imaginar
se chutar uma árvore eles caem que nem pequenas amoras maduras
no final de setembro
e os bons são como as pequenas criancinhas que pegam as amoras
sem parar para ver o que tem dentro
e as colocam na boca
porque gostaram da aparência.

Temos os bons também,
mas os bons morrem cedo demais.

domingo, 21 de agosto de 2011

agradecimentos\ diversão\ fat fuck\ final.


Cold in my bed
i can't found my cat anywhere
just finished a book, gonna started a new one
but first i ought read a tale from bukowski
tales of ordinary madness
a mulher mais linda da cidade
coisa de primeira
adoro o cara
adoro escrever sobre o cara
um dos únicos que vale a pena ler a obra
inteira
sempre falo dele
e já está começando a parecer clichê.
Tenho que agradecer meu amigo
G.I.S
por ter me apresentado ele
e dosto
e ser uma das únicas pessoas sensatas na minha vida
tenho que agradecer Jay Kay
por me presentear com Fante
agradecer meu pai
por me apresentar chico buarque
agradecer a mim
por ser tão foda.

And thank you, technological age
for help me out everyday
in my lonesome feeling
constantly lonesome feeling
thank you TV series
& music
& books
for teach me english
without spending much money
not the best english
but better than nothing
i guess

agradecer à connie
por ser a única coisa que vale a pena viver
também sempre tento colocar ela em textos
e nunca se encaixa bem
falar de um gato pode parecer meio vazio
e mais difícil do que pensamos

não posso me entregar
mas anda difícil demais
e quero sumir
mas não tenho coragem
tá tudo foda ultimamente
foda ruim
vida ruim
sem graça
talvez eu precise de uma diversão diferente
não só livros
apesar de que duvido que exista algo mais interessante
do que ler
nessa vida
por enquanto;

ando distante e me afastando cada vez mais
o que me assusta é que não estou dando a mínima pra isso
quanto menos amigos, melhor. Talvez
talvez não
mas por enquanto está bom dessa forma
ok, bom não
foda-se esse raciocínio.


Too little, is fine
too little, i don't care
too fat, fat fuck
motherfucker
too sad, always
i'm okay today
in my bedroom
too miserable, too little
too dumb, i tried really hard
but maybe some people
were made for been average
made to no care about shit
but perhaps
god
in his totally sadic state of mind
forgot to made people who not care about shit
and also don't feel shit to care about

i'm average and i care about shit
and i feel blue when i think about it

too large, inexistence
too funny, my hability
jokes
anedotes
songs
poems
tales
sometimes

too original, don't have any criativity at all
while i'm able to plagiarize the writers i read
i can live peacefully
maybe with some grin
sorry about the rhyme, actually

too hate, maybe too love too
fake love, shit
burning hate, hell yeah
fat fuck
motherfucker

too ugly, too cool
too horrible, too real
too alone, too me
Hi.

too nice, i still looking for this
too big, time to stop typing
good feeling, i know
long time since the last time i write some shit
the good writers can't stand a day without writing some shit
using paper, notebooks, computers, old books, old and new magazines, walls, instruments
anything they want to
real artists
they're real
they exist
even the dead ones.

too much, too little
here we go again...


então obrigado
a quem eu agradeci
pelos elogios raros.
obrigado a mim novamente
por ter medo de cortar os pulsos
ou dar um tiro na cara
medo de pular de um prédio ou ter uma overdose com remédios baratos
obrigado, eu.
mas o canivete anda inquieto na gaveta, tenho que acalma-lo vez ou outra
não devia estar falando isso
mas a coisa é que eu não dou a mínima

e se não falei obrigado a alguém aqui
foda-se.

sábado, 13 de agosto de 2011

Mainstream (não terminado - não terminarei)


ok,
mainstream.
you can’t say shit about that.
if you say some bad thing about
the mainstream
you’re just trying to be cool.;

music is mainstream
bar is mainstream
people are mainstream
booze is the most of mainstream stuff’s
of the contemporary age
words like
contemporary & underground
are mainstream
you know.
I like to try to be a underground person
is cool, everybody knows that, right?
but is not just because is cool
or against the general consensus:
is because
being mainstream
shows
to the world
that you are
just an
asshole.

but the hard part in this fight between
mainstream & underground
is that
everything
is turning to mainstream
;
literature is mainstream now
Charles bukowski is mainstream now
the beat generation is mainstream too
the blues is mainstream
musical instruments that nobody played in the past
like the bass
or harmonica
instruments like these two are mainstream now
lou reed is mainstream
alternative music is mainstream
indie bands are mainstream
woody allen is mainstream
don’t need to say nothing about the hipster, right?
trending topics bored me a lot
facebook is full of idiots now
write poems in english
when you’re brazilian
is mainstream, of course.

sábado, 6 de agosto de 2011

pink

the pink sky
and the outside walls of my house painted of pink
beautiful view
the end of the day
the best part of a day
the best day of the week

pink skies around my dirty
town
during the weekend
5:54 pm
the best hour of the day
when the sky reminds me
a girl
a pink girl
white as snow

the view of the sky
is blocked in my room
there is no windows here
just one
pointing to an dark spot

pink is pretty
pink has class
and the sunset is the best moment of life
is one of the few reasons
that make people keep living their lives
quietly & calm

just the sunset of everyday
                                               almost everyday
orange, yellow, red, blue, twisted with pollution
and pink
pink like the lips of a special girl
pink as the contrast of
pink & white
together
on a paint
pink as the beautiful things in life
maybe things that we can have somehow
and someday

I went to the other room now
take a last look once more
to the pink sky
and is already totally gray
full of weak clouds
and the darkness is taking control now
beautiful too.

but I feel sorry for humanity
and all the good people that cannot look at the sky
and see
the perfect
and tranquilizer
pink.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

gabe.

corro no banheiro fazendo a barba
tudo embaçado, minha visão se limita
a vapor
e pingos d’água
caindo no chão do meu corpo ensopado
passo a gilete com ansiedade e
                                                         velocidade
enquanto o tempo corre e me preparo para atrasar
saio correndo de casa com minhas coxas
transpirando e minha bunda já ensopada
- a pior sensação do mundo se você é gordo
mas o que se quer de um gordo sem ninguém há oito meses? –

;novamente vivan está atrasada e não me surpreendo
mas a ansiedade continua me matando
uma garota me esperando
e meu pênis latejando;

encontro-a no vagão combinado
não a vejo também em meses
nos abraçamos, conversamos
pergunto sobre sua amiga
                                               - está interessa?
                                                - falou que nem quer ver o filme, hahaha
meu riso tímido
exala vitória
e satisfação
continuamos conversando vagamente
sobre mulher e
sexo
evidentemente

descemos  na estação combinada
vivian e seu namorado se beijam
sinto desconforto e timidez
                   como sempre
andamos uns metros
:entre centenas
não
milhares de bundões e vagabundas
que não valem
nem  um balde
cheio
de cocô daquele macaco de bunda vermelha
coisa horripilante, diga-se de passagem:
encontramos Gabe
amiga de Vivian
primeira madame
que tenho alguma chance
em não sei quanto tempo
dou um oi e um beijo
                                                                            no rosto
{belíssima bunda, peito pequeno mas bem formado, rosto não é dos melhores > está ótima para mim. fama de degustadora de picas e garotos iniciantes – estou finalmente feliz em muito tempo.

andamos
conversamos
puxo o saco
faço piadas
babacas
Gabe ri                          -estou indo bem
                                       -gordeliz mandando bem
pago seu ingresso sob protesto da mesma
tiro um pequeno calhamaço de notas pequenas
e entrego-as à moça . analiso novamente os belos glúteos de Gabe.
imagino minhas mãos possuindo
arranhando
marcando
aquela fantástica carne
branca
lembro de suas fotos de biquini
que vivian mostrou-me
felicidade
felicidade, olá!

vão comer.
não pago a refeição, mas levo seu prato até a mesa      
                                “que cavalheiro você é, haha”- gabe
comem
vivian enrola de novo para comer
estou impaciente
com um tesão acumulado
tento controlar. ok.

entramos no cinema
breu
lotado
exatos 4 lugares na primeira fileira
sentamos e alongamos os pescoços
preparando-nos para o torcicolo
trailers
conversas
risadas – gabe já havia visto o filme e detestado
“ok, ela não vai ver nada mesmo” – penso
espero um tempo

pego em sua mão suavemente
me olha com ternura
me aproximo
                           “Para” – ela diz, soltando a palavra como se estivesse  sido após um orgasmos dos bons.
me volto para aquele ruim que não tem fim

ela comenta algo no meu ouvido
mais tarde
não presto atenção e me aproximo de seu rosto
toco-o
                     -vem cá – duas vezes, carinhosamente

                            “PARA” – riso abafado
abaixo um pouco a cabeça e
terminamos
o filme
vivian e daniel nos olham com dúvida
e disfarço interesse em tudo
tomam sorvete
gabe pega um bem caro
                                          fico longe na hora de pagar
oferece e recuso – roubo o de vivian
numa livraria próxima, compro
finalmente
Big Sur – Kerouac


Metrô: “ e aí?!”  - vivian
“sei lá”
“no banheiro ela falou que você pegou na mão dela no começo do filme e depois não fez mais nada. ela queria...
“é”

mais tarde descobri que não teria tempo para ler
Big Sur – Kerouac
não
naquele mês.

plus

quero escrever mais um poema
nessa noite,
mas realmente o meu limite é
um por dia
algo no cérebro
prende as ideias
e as palavras
já risquei dois trechos iniciais
os dois sobre mulheres
e nada.
não consigo ter nenhuma delas
não consigo escrever sobre nenhuma delas

mas acredito que realmente estou ficando louco. alguém aos dezessete não
deveria sofrer desse tipo de abstinência em pleno século
XXI
?

não nasci para baladas nem
festas nem
sexo nem
sorte, não
com elas

estou sozinho e muito gordo
alguns amigos já desistiram
outros eu quero que desistam

estou gordo e arrotando carne
e ter duas camisinhas na carteira
intactas
há 8 meses
é realmente enlouquecedor.

BBQ

levanto
sozinho e maldito
controlando meus movimentos e sons
para não acordar mais ninguém.
a comida do dia anterior
                     pesa
que nem
pedra
no meu estômago
e cai feito uma
rocha
dentro do meu organismo
uma orquestra de roncos e explosões interiores
                                     +
roncos sonoros vindos do
quarto no final do corredor
são as pinceladas finais desse
quadro abstrato
às 4:33 am.
continuo a minha leitura de
Tom Sawyer, traduzido pelo maior nazi que esse país já teve
monteiro lobato –
enquanto dou mais alguns
arrotos temperados com carne e queijo
o livro de 71 têm
aquele português ântigo
cheio de “^”
e têmo por adquirir
mais
um
vício na minha possível
êscrita
.
o sono já se foi completamente
e deixou tédio e um pouco de cansaço
-  e uma vontade súbita de escrever à mão

maldita carne
maldito queijo
maldita linguiça
e maldita nova regra de acentuação que tirou o meu favorito
> ¨

uma pilha de 19 livros
-e algumas revistas
terminam de ocupar o resto do ridículo espaço do meu quarto
todos esperando
para serem lidos ainda esse ano,
ainda

mas deixa isso pra lá, acabei de descobrir que Huckleberry Finn e Tom Sawyer eram amigos.

sábado, 23 de julho de 2011

em um refúgio de imbecis numa sexta

leon grita meu nome várias vezes do portão
e quando finalmente ouço e ele finalmente entra
começamos a falar de assuntos corriqueiros e
bobos
vamos esquecer assim que mudarmos cada palavra
me troco e saímos daqui o mais rápido
o possível
para entrarmos em sua casa e ele procurar
dentro de uma luva de boxe
uma pequena coisa da cor das fezes de algum
animal
de cheiro forte
e uso conhecido
e proibido
ao longo do mundo
ele começa o que alguns chama de
arte
no seu quarto
com sua irmã
mulher
e avô
sentados na sala
vendo tv
programas sensacionalistas e inválidos
que não valem a pena nem que tenha sintonizado-os
alguma vez na vida;
e sua irmã
sua maravilhosa
pura
rosada
irmã
entra no quarto
e nos assusta
quase nos flagrando
e flagrando seu inocente irmão.
mas  não pega ninguém
e não vê não
ou fingi não ver nada
mas não importa para mim
nem para ele
e ela entrega o presente de aniversário dela para ele
uma calça cara
“ahh olha só, valeu tha”
“haha, nada demais, le”
e eu apenas admiro-a lentamente
tentando salvar um pedaço de seu rosto na minha mente
e apreciar um pouco os olhos azulados dela
mesclando com sua pele branquíssima
e sua boca rosada e linda
:se tem algo lindo nesse mundo
algo que vale a pena que soframos
são as bocas rosadas dessas mulheres:
e ela sai do quarto timidamente
e olho para o chão timidamente
enquanto ela volta para seu canto no sofá da sala
e com os programas sensacionalistas que não valem a pena serem sintonizados
:acho que são sintonizados, não sei:
leon sai e termina sua
arte
lentamente
e despreocupadamente
sem medo dos problemas
do desemprego
dos estudos
sem medo da vida
e muito menos da morte
apenas continua enrolando e
lambendo
aquele pequeno papelzinho
um  guardanapo de lanchonete
cortado com saliva
guarda no bolso aquilo e descemos as escadas
dou um tchau tímido à sua família
e sua irmã
com aquela boca inesquecível
e olhos da cor do paraíso
e tenho vontade de agarra-la
mas volto à minha realidade
e saimos da casa
e meu coração volta a bater normalmente novamente
livrando-me do nervosismo que é em situações como
esta.
andamos uns metros e acendemos sem pestanejar aquele comprido
e gordo
baseado
e passamos de mão para mão
enquanto subimos e descemos ruas e mais ruas de nosso bairro
e me canso rápido
e sinto o cheiro forte que vem das minhas mãos
e da minha boca
e do ar
a nossa volta
e minhas pernas já estão mais amaciadas
minhas mãos aquecidas e úmidas
meus olhos pequenos e marejados
e percebo que esse é o melhor momento que tenho desde
 muito tempo
e tento aproveitar enquanto estamos a caminho do metrô
encontrar um pessoal
alguns que vão sumir da minha vida em pouco tempo
outros que vão demorar para sumir
mas vão sumir de qualquer forma;
e uma garota diabólica me encara e canta algo sem sentido para mim e
para leon
e o rosto dela olhando para os meus
olhos
marejados
enquanto tentava não olhar para ela
e a estação parecia não chegar nunca;
nunca;
e nunca;
e quando saímos do trem
a corja
de pessoas
ao redor de nós
me dá vontade de vomitar
e sinto como se não conseguisse
lidar com aquela realidade
de pessoas ridículas
e no caminho para aquele bar
sinto que vou me arrepender de tudo aquilo
mas leon e eu continuamos caminhando por lá
com nossas cabeças flutuando por cima de nós
papeando coisas
sem muita profundidade
como nos velhos tempos;
ficamos naquele bar de esquina
por horas
no frio nórdico que fazia
sentindo cheiro de cigarros
etílicos
bucetas novas
rosas
que nunca teremos
se esfregando nas mãos de outros sujeitos
metidos a marginais
a bêbados
a viciados e conseguindo
tudo o que querem
sempre
e eu e leon continuamos tentando não falar muito
tentando sair de perto do cheiro de tabaco vagabundo queimado
mas cada vez sendo mais bombardeados com esse cheiro
e o excesso de pessoas ao nosso redor
conhecidas e não conhecidas
decentes e marginais
me fazem ter mais crença na minha teoria
de que todos os bares
de todos os tipos
só são o refúgio
 dos mais diferentes tipos de imbecis
que temos nas nossas cidades
e realmente me sinto inferior a todas as outras pessoas que conseguem se divertir
fora dos bares
e me sinto mal por haver tantas outras pessoas passando por nós
em  seus carros e motos
com suas famílias e mulheres e filhos e acompanhantes e transas casuais e amigas de foda
e me sinto envergonhado porque eles estão olhando para nós
cada um de nós tentando ser um melhor que o outro
em um bar semi-limpo de uma cidade toda suja;
conversas sobre brigas e ressacas são predominantes em recintos assim
cheias de exageros e gírias
execráveis
cheios de garotos da periferia que conseguem tudo o que querem
usando os mais diferentes meios
-legais ou ilegais-
e nunca tomando em seus
cus.
e me sinto mal novamente pensando nisso
a vontade de voltar pra cá era forte
e comento com leon sobre isso
que ainda estava preso em seus devaneios esfumaçados
“é, vamo”
                                                                responde cansado

e voltamos para nosso bairro
quando sentimos que nosso momento em um lugar daqueles
já passou há muito tempo.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

salmão cru é meio ruim

sozinho em casa
sozinho na cidade
sozinho lendo
sozinho com música
sozinho tocando
sozinho sempre
graças a deus eu
estou
sozinho e
quando me vejo ao lado de alguém
eu fujo
sempre olho para todos os lados quando ando por aí
mas quando vejo um rosto familiar
eu desvio o olhar
fixo meu
                                                       belíssimo
rosto
em algum ponto fixo e continuo a
 a n d a r
tranquilamente
tentando fugir de quem quer que seja do meu ciclo social
alguém que conheci há anos e não olho mais no rosto
um rapaz alto
com regata e bermuda
parecendo uma lombriga com cabelo bem arrumado
gilbert
acho que se chamava
gilbert;
foda-se
depois passou duas vezes por mim e reparou em toda minha banha & bunda tentando ficar confortáveis em uma mureta que não abriga nem o cu de um gato friorento
ele passa por mim
“vai lá?”
“sair com o primo”
“ah, tchau”
“té”
se foi e agradeci por ter sido tão rápido
confesso e talvez tenha que
                                                   jurar
que senti calafrios quando me fez a pergunta
senti que teria que perguntar algo
e ser educado
com um cara que vejo uma vez por vida
e não estava muito no clima para ser educado com ninguém naquele momento
na verdade não quero muito ser educado com as pessoas este ano;
eu me mando para o lugar mais escuro que encontro, longe da “casa do pastel”, longe das pessoas voltando de seus trabalhos e jogando alguma coisa nada aceitável dentro de seus estômagos. longe de fumantes pensativos, pensando em como seria bom largar o cigarro enquanto dão mais uma tragada. longe de viciados em outras drogas. longe de mendigos. longe das mais belas garotas que o horário pode proporcionar
que fumam
e usam calças apertadas
enquanto ignoram o meu olhar para elas
implorando por um pouco de solidariedade
que nem um cachorro faz
quando olha para os mais cheirosos frangos fritos da cidade
rodando e dourando,
com batatas cheias de molho sendo assadas
                   saborosamente
e igualmente
douradas;
entro no carro do meu primo depois de me estressar procurando novamente a
                                                                                                                    ;casa do pastel;
e nos perdemos no caminho
e minha barriga roncava profundamente
junto com a de meu primo
sua namorada
e seu amigo;
e no restaurante japonês
eu passei vergonha
e comi
que nem um filho da puta
e toda a minha solidão pareceu ir embora de uma hora pra outra
enquanto brincava com aqueles pauzinhos inexplicavelmente inúteis
e mandava mais peixe e molho preto pro meu
rabo >que agradecia a cada mastigada
e no final ainda não precisei pagar
e não me sentia só
mas isso logo passaria
e um quarto de hora
 depois
eu já me sentia
bem
novamente
enquanto voltava desatento pelas ruas sombrias
                                                                                                 ;literalmente falando;
do meu bairro.
pensando sobre o que poderia escrever quando chegasse no meu quarto
para
novamente
me sentir
sozinho.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

E é daí que vem o cheiro de esgoto

O sistema matemático desta
                  cidade
no período matutino
pode ser dividida em algumas simples
                   características
e nada mais que isso.
Pessoas se empurrando, se apertando
suando, arrastando e peidando
se odiando e fedendo
e de dentro de suas bocas costuma sair
um hálito podre, mortífero
nojento
algo que faria o encanador da
periferia
vomitar
já que o suburbano está acostumado com tal
po dri dão

às vezes gosto de pensar que esse cheiro
nada mais é do que a alma deles
destas pessoas >incluindo eu,
é claro<
e, a cada
bafada
que dão no meu nariz; e eu no deles;
enquanto chacoalham em um vagão
mal iluminado
estão (estamos)
simplesmente limpando
as almas de toda  a
                         sujeira
que se acumula durante o dia anterior
e
claro
durante à noite
para que se possa suja-la de novo durante o dia
e
claro
durante à noite
                                          E é daí que vem o cheiro de esgoto

esse é realmente um bom jeito de se refletir:
*apodrecer durante o dia, limpeza durante a manhã*
mas não é verdade.
não temos essa porra de alma
                                                 -talvez não tenhamos, melhor não brincar com isso-
mas
se a temos
ela com certeza não é autolimpante
nós com certeza não somos cordiais
nem muito amigáveis
talvez um grupo de chimpanzés mutantes que souberam como ganhar dinheiro e
se proteger
das severas mudanças climáticas.

Fega

Fega and I are talking
to each other
again
talking is the most interesting thing
that we  
do
in this place; talking about
girls
tests
girls
food
hungry
how we want to take a piss
girls
fuck
e
t
c.

Felipe is sitting on a white chair
with his hands holding the head
a head that don’t want to be here
and actually it's not
here
he’s sleeping awake
again
and the people around us like to joke
about the
fact
everybody laughing at the funny face of
Fega

we keep touching
squeezing
calling his name
and it takes a long
long time to Fega
realize that there is
life around he
-maybe some intelligent life-
even if he don’t care about it
like me

buddy, we need to pay more attention.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

como lidar com os escritores.

quem dera todos nós tivéssemos a habilidade de
escrever
realmente
mais de um poema por dia
algo como os marginais estadunidenses
das décadas de 50, 60, 70;
até o maior dos vagabundos escrevia um bocado de poemas de uma só vez
mesmo que não fosse diariamente.

ainda penso que
para se ser um bom escritor
você tem que ser um fodido
e a cada novo sujeito que leio
com uma infância agoniante
uma mãe puta
e um pai beberrão que espancava o filho
ou um lunático capaz de degolar a mulher com uma faca descartável
percebo que é verdade;
mas eu não sou um fodido
e não sei se queria ser ou não
queria ser um escritor
isso é um fato
mas só os fodidos que se tornam bons
só os fodidos possuem sensibilidade o suficiente
para os grandes poemas
os grandes contos
as maravilhosas crônicas
e os eternos romances
que saem nas mais variadas versões
tamanhos
fontes, que tem os mais diversos
leitores
gordos, feios, banguelos, perdedores
fedidos e fodidos.

mas se todos escrevessem
-ou se todos os que pensam que escrevem-
fossem valorizados
tudo isso seria uma merda
pior do que já é
porque nunca se pode dar bola para um escritor
porque ele vai se achar o Paulo Coelho assim que ouvir o elogio
e
a partir daí
já se considerará um escritor nato em tudo o que escrever
e tudo ficará uma merda

- perdi o raciocínio-

bom, trate mal os escritores
cague nos poetas
não dê bola para nenhum deles
xingue-os
cuspa em suas bocas
esmague o ego deles assim como esmagam o nosso ego

porque os bons não ligam para isso
escrever é só a válvula de escape
os ruins são sensíveis com críticas ruins.
e assim filtraremos a literatura contemporânea.



mas por favor não me critiquem.
por favor.

Obrigado, Jay Kay.

Costumava pensar em Jay Kay todos os
dias
sem pular um
sem pular um segundo, um minuto, uma hora
não pulava um
maldito
dia

e ela pulava  também, sempre pulava
de homem para homem
fodendo corações e pintos
caçoando dos outros para mim e comparando-os comigo
sempre me humilhando
e eu, eu ria
eu ria.
ria de pena de mim mesmo, ria com o nervosismo
ria com a trombose que aquelas comparações e toda a agonia que a situação causava
e do conhecido aperto que dá no peito quando
vivenciamos
experiências de merda
como essa.

E  para sua boca
 rosada
eu chorava
para mim mesmo
                          TODOS
                               OS
                            DIAS
e não conseguia derramar uma lágrima
por ela
talvez no fundo soubesse que ela não valesse nada
nem uma gozada
nem uma jorrada de filhos meus em potencial
mas eu me deitava
:me banhava;
                      :me masturbava;
                                                   :me cortava;
                                                                        :me xingava;
                                                                                           :me amaldiçoava;
                                                                         :me odiava e
ME matava
pensando nela. sempre nela
nenhuma outra valia a pena pensar
nenhuma outra valia a pena ouvir
nenhuma outra valia a pena existir
só queria ela;

gostamos de nos foder
e sofrer.
sempre penso que se as pessoas fossem menos
frias
talvez o mundo fosse um lugar menos detestável
e eu não estaria aqui escrevendo isso
e sim me embriagando
como todo bom jovem deveria fazer
e tentando arranjar uma transa para hoje à noite.
mas sinto-me melhor assim
pra falar a verdade
com a humanidade sendo fria e egoísta
pensando que todos são tão diferentes um
do outro e
tentando passar por cima um
do outro e
conseguindo.

e devo agradecer à Jay Kay e os vários pseudônimos que criei para ela
                                                                                   -inclusive esse-
em contos e poemas
por me deixar nesse estado durante tantos meses.



graças a deus eu nasci com essa vontade de escrever e me manter longe de todos.

sábado, 2 de julho de 2011

algo que escrevi que não faz e nem era pra fazer sentido nenhum e só o fiz para as pessoas baterem o olho e pensarem "nossa, como esse gordo gosta de escrever", ou algo do tipo

uma música extremamente
         a g i t a d a
fica tocando no meu ouvido
e eu só quero digitar
porque puta merda
essa porra me faz querer pular por essa porra de quarto que nem um
f
i
l
h
o

d
a

p
u
t
a

estou me aquecendo pra tentar escrever alguma coisa
acabaram de falar
bem
bem
                                            b e m
de mim
falaram que sou um
poeta

um

legítimo

de um

P O E T A

PUTA MERDA
isso é surreal
levantei da cadeira
e dei cerca de
dezesseis                                                                                 voltas
pelo quarto
que deve ser um dos menores cubículos do bairro
mas que serve muito bem
para um cara
gordo
que nem
eu

eu

um poeta, haha




provavelmente isso vai –martelar-  na minha cabeça
até a hora que eu conseguir pegar no sono e
meu cérebro
desligue meu narcisismo
a nível
consciente
e deixe o inconsciente me fazer sonhar
novamente
com coisas como
conversas sobre amizades
conturbadas com Beck
e passeio de metrô mal iluminado com um
Eric Clapton todo surrado e
fe
di
do
falando merda com merda pra mim
e pra umas garotas que eu queria levar
pra cama

música caribenha realmente muda o ritmo de uma escrita, acredito
os dedos digitam na mesma batida
e a cada série de palavras
meus dedos
                        -esTalam
automaticamente e me dou conta de que não estou escrevendo nada com nada
mas que o tamanho disso está massageando meu ego
uma simples massa de palavras desconexas formando versos
também
desconexos, tem  o incrível
PODER
 de massagear um ego, que anda
te    rr i ve    lm ent                 e
~incrivelmente~ e
APELATIVAMENTE
fodido

mas eu continuo escrevendo e digitando agora sem pontuar e sem parágrafos e sem pica nenhuma porque eu to com preguiça de fazer qualquer coisa do gênero
e começa a tocar um dos blues que eu mais admiro e que mais tocam a minha alma e eu fecho os olhos e vou digitando sem olhar para o teclado nem para a tela nem para a barra de espaço nem para meus instrumentos, livros, caixa de som, amplificadores, caixa com pães de mel alemães e não dando a mínima que isso aqui está uma merda
-nossa
-porra
-talvez estrague a minha reputação
                                                                     [-que reputação?
- a de poeta, seu idiota
                                                           [- cala a boca
- ok, vou terminar isso.

                                                                                       ***

abro os olhos e me lembro que tenho que terminar de escrever aquele conto que acabou virando um romance e que não vou mostrar pra ninguém até que esteja pronto.

terça-feira, 21 de junho de 2011

segunda 2:33am

Talvez
uma das piores sensações
                     do mundo
seja a de não conseguir dormir
quando se está com sono e entediado
entediado
                             entediado com seus pensamentos
sobre a mesma
                              vagabunda que te fode
constantemente
entediado com a cueca velha e apertada, que te deixa com aquela
                 sensação de castramento

entediado com a vida
                            em si

pensando em quantas outras pessoas dormem
                                 tranquilas
em suas camas
ou transam apaixonadamente
debaixo de suas cobertas
ou conversam monótona e
automaticamente
após o mesmo
se distraindo uma com a outra
olhando uma nos olhos das
                outras

invejo-os no momento
             não
por terem um ao
outro
mas por terem algo para fazer
                       que não seja puxar
a cueca
para aliviar suas bolas da força
           do elástico.

invejo os gatos
por conseguirem
                 dormir
que nem uns
                  filhos da puta
por horas a fio
                   nunca tiveram e
                   nem terão
problemas para
dormir.



e pensar que hoje foi domingo
e que amanha é segunda.

domingo, 19 de junho de 2011

a pomba sem cu de Minas Gerais

me sentei em uma escadaria, debaixo do sol de
Minas Gerais
um trânsito mais
calor mais
espera
esperava minha mãe comprar uns doces caseiros
da região
então meu pai e eu sentamo-nos diante de um
monumento e ficamos espreitando os movimentos das pessoas
dentro de seus carros dentro de congestionamentos
pequenos congestionamentos
porque lá não tem espaço nem para um peido
quanto mais para trânsitos quilométricos.

a esperamos debaixo do calor naquela cidade
histórica
com turistas idiotas mais ridículos do que nós
vestidos como idiotas
:sempre pensei que turista era uma espécie de gente,
:não uma condição temporária; sempre vestidos tão horripilantemente
:com roupas que não são de suas cidades natais, nem de sua cultural nacional
:quando pequeno achei que haviam lojas especiais com roupas para turistas
:só isso explicava o quão ridículo eles eram.

olhava maravilhado para as pedras semi-preciosas que papai
comprara para mim
colecionávamos coisas assim quando pequeno
eu
e meus primos
o pai contava algo sobre a arquitetura da praça
e eu prestava atenção no movimento parado dos carros
das pessoas dentro dos carros e
da vida
dentro daquele mini-congestionamento

um estouro seco e algumas pessoas olham alguns metros de onde
estávamos
uma pomba voa
suas tripas caem no chão
ela continua voando
sem as tripas
provavelmente se sentindo bem mais leve agora que estava sem
sua maquina de fazer bosta
e ela voa metros e mais metros
e bate a cabeça em uma porta roxa de um casa antiga
e cai morta
e os carros voltam a andar; pessoas voltam a comprar; “vish” meu pai comenta

minha mãe chega com um saco cheio de doces de Minas Gerais
e vamos embora


guardei minhas pedras metódicamente organizadas, levanto-me com meu pai
e seguimos passeando pela cidade
as tripas ensanguentadas da pomba continuam largadas no meio da rua
separadas vários metros de sua dona
que jaz abaixo de uma porta púrpura
manchada com sangue.