domingo, 24 de abril de 2011

Os medos e a ignorância de Peter C. R.

Oscilações de dispneia, medo, manias, tristeza, auto-flagelo por gosto, decepções, obsessão por algum tipo de conhecimento, derrota em tudo o que tentou fazer nos últimos tempos, vitória de seus inimigos sobre ele todas às vezes que era derrotado interior ou exteriormente. Peter C. R estava acostumado com todos esses sintomas de seu cotidiano entediante, deprimente e começando a se tornar destrutivo. Sua fraqueza mental encontrava-se em um nível altíssimo, todos os problemas que para os outros poderia parecer vagal, para ele não era, para ele era tudo mais difícil, não sabia lidar com a perda de o que considerava seus bens, mesmo não sendo nada.
Peter gostava de andar sozinho e escrever para suas amigas, não conseguia fazer mais nenhum dos dois. Tudo o que fazia agora era tentar encontrar conhecimento em algum livro de algum autor clássico, que escreveu dezenas de livros clássicos, e imagina ser um deles um dia, imagina que, um dia, autografaria os seios de fãs loucas por seus discos e livros. Ele, Peter C.R., garoto que outrora chorava mentalmente, sozinho, em seu diminuto quarto, agora era ovacionado e desejado por todos, ele, Pete, dono de uma personalidade adorável e simpatia única em um mundo de ignorantes, estúpidas e desgraças.
Peter C. R andava triste ultimamente, com sua rotina baseada em trabalho-casa-trabalho, com sua falta de inteligência, andava triste vendo sua juventude se despedindo e não podendo fazer nada para se divertir com ela, desanimado vendo tanta futilidade e ignorância ao seu redor, e descobrindo fazer parte desse grupo de pessoas. Pete não conseguia se tornar inteligente, queria ser inteligente, fazia coisas de pessoas inteligentes, mas considerava-se um retardado, um jovem traumatizado com a juventude, com as mulheres, com os inteligentes, com os burros, com ele.
A música, que antigamente animava Pete C.R, agora deprimia o mesmo, deixava-o angustiado, mas ele entrava nela, se sentia em casa com ela. Se não estivesse ouvindo alguma coisa, Pete preferia enlouquecer e ser internado. Sonha em ser um músico/escritor de sucesso, uma pessoa humilde, simpática e caridosa que faria de tudo para alegrar aqueles que o adoravam. Sabia que seria adorável se um dia tivesse a oportunidade de viver tal sonho.
O jovem Pete também tinha uma paixão pela mente e razão humana que gostava de demonstrar para todos, gostava que pensassem que ele fosse ser um bom profissional, que ele fosse um garoto estudioso e apaixonado pelo aprendizado dos problemas e doenças do ser humano, uma raça que precisa ser examinada e diagnosticada.
Outrora muito extrovertido, agora Pete revelava-se um garoto mais recluso, mais introspectivo, mais quieto, como preferir. Não conseguia mais falar com os outros do mesmo modo que falava quando era mais garoto. Com garotas? Não conseguia nem olhar no rosto, quanto mais conversar ou olhar nos olhos. Tinha um medo, o medo, o que apavorava-o todos os dias, a humilhação.
A humilhação, ou melhor, o medo da humilhação, era algo que contornava toda a existência de nosso personagem durante todos os dias de sua miserável vida. E esse receio de infância crescia a cada hora que passava, a cada livro que lia, a cada filme que via e a cada decepção que tinha. A cada vez que se sentia triste com algo, Pete se fechava mais em seu mundo, em seu muro, "The Wall", como o próprio gostava de chamar para si mesmo, já que era um grande fã do álbum de mesmo nome de um grupo musical que admirava há tempos.
O medo da vergonha era um agravante em seu quadro psicológico, um agravante em seus problemas mentais, que julgava serem apenas aflições adolescentes, mas que temia durarem para sempre. Tinha medo de que desaprovassem-no e pensassem que ele fosse um mal educado, um cretino burguês que pisasse nos outros. Mas não, Peter apenas tinha medo, medo do mundo ao seu redor julga-lo erroneamente. Ele fazia de tudo para agradar a todos, até àqueles que o subestimavam e chutavam-o, não ligava para isso, não ligava para esse tipo de humilhação, pensava que a boa ação e a bondade venceriam as opiniões formadas, mas no fundo sabia que tudo seria igual.
Escrevia constantemente textos sobre ele mesmo, sobre seu passado, presente e esperado, sonhado, impossível futuro. Colocava todas as suas angústias em textos que considerava baratos e sem valor, mas que no fundo significavam sua salvação da loucura total, da solidão absoluta, da tristeza eterna.
Temia a solidão. Temia não ter alguém ao seu lado, temia não agradar aqueles à sua volta. Queria ser um bom filho, sobrinho, tio, avô, pai. Quando saia de um lugar, a primeira coisa que pensavam era o que as pessoas falariam dele, quase sempre imaginava que falariam mal, já que ninguém nunca havia elogiado-o verdadeiramente, elogiado-o sem ter falsidade ou piedade na voz. Tinha certeza que os elogios para ele dirigidos eram sempre cuspidos da boca para fora pelas pessoas, para que parassem de ouvir os desabafos de Peter C R. Percebe-se que diversos tipos de medo contornam a vida de Peter. O medo da solidão, o medo da desaprovação, medo da humilhação, medo da ignorância, medo do inconsciente, medo do mundo ao redor. Peter viveu assim.



O que jurou ser passageiro não passou, o que dizia ser bobagem não era, o que jurava procurar tratamento não procurou. E assim Peter C Rockwell foi engolido pelas suas angustias até o último dia de sua lastimável vida, vida essa que teve fim em uma cama de solteiro, sozinho, sujo, chorando e agradecendo por não ter enfrentado os seus medos de frente durante a sua existência esquecida.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Eric C. Rockwell.

Surtei.

Eu estava praticamente enfartando, minha perna sangrava com a minha incisão feita a pouco, incisão essa que não tive coragem de continuar, a lâmina passara com força, mas no fundo minha mão não apertava nada, só apertava o cabo, não pressionava, tinha medo, medo da dor física usada pra acabar com a psicológica, medo dos sermões, do pensamento automático das pessoas, da julgamento que meu cérebro faria e já estava fazendo sobre tal atitude.
Estou tremendo e não consigo digitar nada, quero chorar mas não posso, mais cortes e sem pausa na dor. Queria estar sozinho aqui, queria ser diferente, queria morrer, acho. Não, talvez morrer seja radical demais até pra mim. Quero chorar, isso, novamente digo que quero chorar por semanas e colocar em dia tudo o que anda acontecendo, queria poder passar um canivete afiado por toda a extensão de meus braços e pernas e sair correndo de dentro de mim mesmo, sair correndo da juventude e do meu estado, da minha insegurança e da minha feiura, obesidade, burrice, inocência, ausência de talento.
Quero ver sangue, quero uma depressão profunda, quero motivos para poder reclamar como gente, não como um típico jovem clichê. Quero mulher e quero dinheiro. Mas pra que dinheiro quando se tem mulher? Talvez o mesmo interfira na qualidade das ditas cujas. Quero sentir a dor, sofrer fisicamente e perder litros de sangue, não quero tremer, e nem quero ficar com essa vontade de chorar impedida, como quando você vai espirrar e não consegue faze-lo. A sensação é pior. Minha vontade de gritar com todas as forças encontra-se suprimida novamente. A vontade de encontrar-me com a morte também.

Depois da tempestade vem a bonança. Só para os idiotas, os que enxergam beleza em tempo integral na vida e nas pessoas. Para mim, Eric C. Rockwell, depois da tempestade vem a enchente destruidora, arrasadora e assassina, vem a depressão e vontade de sangrar. Mas a bonança pode ser explicada, sim. Essa bonança nada mais é do que o nosso nível de adrenalina abaixando e tudo parecendo mais claro, veja só, já consigo digitar, ficar parado como uma estátua e aproveitar a música que toca nos meus ouvidos. Minha boca e membros encontram-se num interessante estado anestésico, como aquela sensação que temos depois da segunda cerveja, a boca macia e a mão mais aquecida, não bêbado, nem nada do tipo, apenas psicologicamente anestesiado, essa anestesia que não nos priva da dor, apenas nos acalma em sua brisa natural, fazendo-nos pensar mais lentamente, como se estivéssemos sobre efeitos da Cannabis Sativa, ah, a Cannabis.
Não quero mais escrever.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

American Beauty.

Nunca escrevi uma crítica antes e era uma coisa que eu queria fazer já há um bom tempo. Acontece que eu não sabia que filme escolher para uma primeira crítica, um mais específico, cabeça, cult, underground...ou um que fosse mais comercial, como uma comédia, um terror barato e coisas do gênero. Fui adiando essa minha vontade e escrevendo outras baboseiras, quando esses dias peguei para rever uma pérola do cinema moderno americano, um filme obrigatório, um filme excepcional, excelente em todos os aspectos que enfoca,  da fotografia até a direção, passando pela trilha sonora, atuações e um roteiro, desculpem o linguajar aqui usado, fodido.
Não viso, com essa crítica, desmembrar a película inteira, pedaço por pedaço, tentando buscar uma espécie de auto-conhecimento do mesmo para mim. Então, como um modesto novato no mundo do cinema e, principalmente, das críticas, vou tentar pegar pedaços desse clássico atual, de preferência desnudar esse lado social do filme, o lado do American Way of Life sendo destruído minuto após minuto do filme tendo, como arma, uma atuação brilhante de Kevin Spacey e de Annette Benning, e atuações coadjuvantes incríveis, como as de Wes Bentley e Thora Birch.
American Beauty, como mencionei, trata de destruir o famoso sonho americano, o sonho suburbano de uma família de classe média alta, com uma casa grande em um bairro tranquilo, carros na garagem e felicidade para toda a vida. Isso é o que o mundo tem como fachada ao pensar na vida em um bairro americano, mas o roteirista Alan Ball decidiu mostrar a fundo como é, verdadeiramente, a vida de quase todas as famílias felizes americanas e, pra não me acharem um anti-estadunidense, de muitas outras ao redor do mundo.

Lester Burnham (Kevin Space) é um típico pai norte americano, de uma típica família, típico bairro, rua, mulher, filha e vizinhos. Trabalha há 14 anos em uma empresa e não subiu um degrau sequer em todo esse tempo, apesar de, no começo do filme, mostrar-se um tanto quanto dedicado no crescimento próprio.
Sua mulher, Carolyn Burnham (Annette Benning), é uma frustrada corretora de imóveis que vive em uma competição dentro de si mesma contra Buddy Kane (Peter Gallagher), o Rei dos Imóveis  de toda a região, como o próprio se auto-intitula.
A filha desse casal, Jane Burnham (Thora Birch), é uma típica adolescente, como o próprio pai fala durante o filme, insegura, indecisa e que, claro, se acha feia.
Nos primeiros minutos do filme podemos ver o quão vazia é a vida de todos os membros da casa, especialmente a de Kevin Spacey, é possível notar a insignificância de sua existência logo na primeira cena, quando ele está se masturbando e o próprio diz: Esse é o ponto mais alto de todos os meus dias. (o filme é narrado pelo próprio personagem).
A falta de diálogos entre os três chega a chamar a atenção, alias, o excesso de diálogos forçados , como que para manter uma certa formalidade familiar e a verdade não transcender as barreiras da ilusão, todos os três não suportam o modo como levam suas vidas.

O filme dá início à sua história quando os pais vão ver Jane se apresentar no jogo de basquete da escola, com as cheerleaders, mesmo com a adolescente rezando para que os mesmos não compareçam e poupem-na da vergonha alheia. Mas Lester e Carolyn aparecem e, durante a apresentação, Lester põe os olhos na amiga de Jane,  Angela Hayes (Mena Suvari, linda), outra adolescente insegura ao extremo, aspirante a modelo e que se gaba de todas os homens que a desejam tanto, e é nessa cena que podemos ver a mudança drástica do personagem, em suas feições, como se ele já estivesse pronto para despirocar, mas precisava do estopim, e a amiga de sua filha explodiu tudo a seu redor.
A partir dessa cena podemos ver a mudança clara de vida do personagem. Durante um jantar no emprego de sua mulher, enquanto a mesma dá em cima de seu futuro amante, Buddy Kane, Lester conhece esse garoto, outro adolescente suburbano que agora era seu vizinho, filho de um militar homofóbico e conservador, conseguia todo o seu dinheiro vendendo maconha de boa qualidade enquanto os pais pensavam que era com um “trabalho honesto”,  Ricky Fitts (Wen Bentley), é apresentado como um freak e é constantemente esculhambado pela superficial Angela, que o chama de doente mental, mas, ao longo do filme, o mesmo revela-se um garoto extremamente sensível e com olhos diferentes para a beleza do mundo, sempre com uma câmera em suas mãos, trata de filmar o que ele acha de mais lindo no mundo, o que há de mais lindo e que os olhos não podem ver a princípio, uma dessas belezas é a sua repentina paixão, Jane Burnham.
Lester faz amizade com o simpático e inteligente Ricky, enquanto o pai do garoto desconfia de uma suposta relação homossexual entre os dois.
Chegado esse ponto, podemos perceber o alívio que os personagens sentem agora que estão achando algum sentido em suas vidas. Lester abandonando seu emprego insuportável e sem perspectivas de sucesso futuro, mas conseguindo salário de um ano e com benefícios graças a um suborno muito bem feito. Carolyn tendo um caso com o seu rival nos negócios, Buddy Kane e aliviando as pressões do dia-a-dia em um stand de tiro que seu amante a leva, e Jane, sempre revoltada com seus pais, mas sentindo-se cada dia mais segura e mulher enquanto constrói seu relacionameno com Ricky Fitts. Mas mesmo com a mudança drástica que suas vidas exteriores tem levado, dentro de casa a falta de contato da família ainda é extrema, mas Lester Burhnam começa a se mostrar um homem em casa e não atura mais a mal criação e ódio da filha ou a falta de respeito da esposa para com ele, reflexos óbvios da “despirocada” que o personagem deu de sua vida e realidade, outros desses reflexos podem ser percebidos com grande facilidade, o personagem começa a malhar e cuidar mais de seu corpo, realiza sonhos antigos, como o de comprar um 1970 Pontiac Firebird (belíssimo carro, diga-se de passagem)
E, por outro lado temos os que vou chamar de “personagens secundários”, mesmo não merecendo essa descrição, já que todos estão no mesmo barco patético do modo de vida americano e apresentam reações em cadeia que irão movimentar todo o filme,  como por exemplo a paixão avassaladora de Lester pela promíscua Angela, ou do Coronel homofóbico, vivido por Chris Cooper que, no final, revela-se um gay enrustido, inseguro como quase todos os personagens do filme e repreendido quando criança por um pai homofóbico como ele, provavelmente outro militar de carreira, que não suportava diferenças em sua América perfeita.

Terminado de apresentar minha visão social do filme, a visão de toda uma América criada em cima de ilusões baratas, criadas para impulsionaro capitalismo do país e enganar toda uma sociedade, pretendo, agora, mostrar minha opinião sobre o subtítulo do filme, que fez todos refletirem sobre o que quer dizer.
Look Closer (Olha mais de perto, traduzindo ao pé da letra) tem dois signifcados para mim, não sei qual o diretor  Sam Mendes prefere, acredito que sejam os dois, já que ambos parecem estar corretos  e já vi outros críticos compartilharem da mesma opinião comigo.
 1º Olhe mais de perto, nem tudo é do modo como você acha que é, como você vê nos filmes utópicos hollywoodianos, a sociedade vive uma ilusão de vida boa, com dinheiro extra no banco e dois carros em uma garagem espaçosa, mas esquecem de viver suas vidas como devem viver, casamentos saturados de mentiras, sorrisos falsos e traição, filhos traumatizados e problemáticos que preferem não ter os pais que tem, querem um “pai-modelo”, como Jane menciona no filme, pais que realmente se preocupem em como foi o dia do filho na escola e não só perguntem para fazer o social barato de cada dia. Olhe mais de perto e veja o que o conservadorismo que muitos nutrem até hoje pode trazer, pessoas frustradas fisica e mentalmente, pessoas como o coronel pai de Ricky Fitts, homofóbico, conservador e durão, que mais cedo ou mais tarde vão revelar quem realmente são, ou viver uma vida desgraçada até o dia de sua morte.

Olhe mais de perto, a beleza que todos almejam hoje em dia, a beleza de Angela Hayes é, em grande parte das vezes, cheia de podridão por dentro, mesmo que isso soa clichê, todos sabem que é a verdade, toda a futilidade e ignorância que recheiam pessoas bajuladas desde pequenas, convencidas de sua beleza, ou não, que usam isso apenas como escudo para sua excessiva falta de orgulho e insegurança extrema, machucando os outros ou usando-os para elevar seu ego constantemente e viver, mais uma vez a ilusão do sonho americano ou de qualquer outro sonho, o sonho de ser modelo, exceder os limites da beleza natural, da fama e dinheiro. Olhe mais de perto novamente e veja a beleza não só nas coisas que são logo de cara tão bonitas, como Angela Hayes, não estou falando da lamentável beleza interior, não, por favor, me refiro à beleza que todo o planeta nos oferece diariamente, nesse filme representado por um saco sendo levado por uma leve brisa, como se estivesse dançando, ou pelo pássaro morto no chão, ou pelo mendigo que congelou até a morte, coisas que a princípio parecem horripilantes, mas só é necessário que você olhe mais de perto.

Querendo finalizar essa minha modesta e leiga dissertação sobre um filme tão bem feito, gostaria de lembrar como é o impacto que todos esses personagens clichês tem em você, adolescentes inseguros, casais infelizes porém juntos, coronéis preconceituosos e que, no fundo são todos hipócritas e, também, inseguros? Tudo isso já foi visto centenas de vezes por todos nós, fãs de cinema, dezenas, centenas, milhares de vezes, certo? Em meu ver, não está tudo certo. O modo como vemos o modo de vida das famílias do filme faz com quem tenhamos certeza de que muitas outras na America vivam do mesmo modo. Não é a toa que esse é um dos filmes preferidos dos estadunidenses.
E se me falassem que esse filme mudou a vida de milhares de pessoas, eu não me surpreenderia nem um pouco. Nem um pouco.

domingo, 3 de abril de 2011

O flautista dos portões do amanhecer.

O flautista dos portões do amanhecer apita e aperta com suavidade todas as notas de sua escala, 
rodopia e saltita por entre os arbustos verdes e com formas fálicas. Antes, atravessando árvores velhas, cobertas de insetos monstruosos e musgos venenosos, era possível ver a vivalma que habitava as redondezas, caçava e sustentava-se da benevolência divina da natureza, devolvendo o que consumira e desjejuando-se com ar e água pura e fria.
Hoje, do frio, só restara sua carcaça podre, carcumida por vermes insgnificantes, tão insignificantes quanto sua refeição e a refeição de suas crias, ninguém o caçara, comera, matara ou torturara, não! Escolhera isso, inocentemente, escolhera o sofrimento e a frieza da existência de todos os seres vivos que cobrem a face desse planeta, escolhera ser devorado pela tristeza, solidão, decepção, vermes, pessoas, animais e ignorância.
Agora nem o flautista dos portões do amanhecer consegue mais despertar a alegria da criatura, nem de toda a cidade que o idolatrava, os agudos de seu pífaro fazem acordar a angustia do defunto que jaz nas redondezas e o desespero dos moradores de sua cidadela natal, lugar aquele que outrora acolhera com tanto carinho e agrado o flautista e suas flautas e pífaros, esperando o amanhecer todos os dias, ansiosos com o som agudo e agradável, vindo do portão, que acordaria-os em poucas horas e os acompanharia pelo resto do dia naquele lugar que, agora, era engolido pela neblina pesada e sufocante de seus habitantes.

Why our lives have to be so stupid?

Just got home a couple of hours ago and, on my way back, I got myself think (again) on the same subject. The same expression that I like to repeat to my brain every weekend, almost every weekend, the same prhase that  simply don't appear in my mind during the week, maybe I'm too busy thinking about other useless things of my life, and totally forget about the blues.
Saying shits about our lifes sound so fuckin' cliché, really bothers me a lot, you know? Everyday you see people with their lifes so fucked up that its just impossible to imagine and difficult way of living, but there always people living literally on the shit, eatin' shit, talking to shit, using shit, and I'm here, fat, white, rich and complaining about my amazingly good life. All this thoughts, actually, makes me feel a lot worst, haha.
The fact that the place we live its about to cracks up, its ready to blow and reach the humanity with all his rage, rage of billions of years acumulated, all the rage of the destruction, wars, deaths, murders, crimes and etc. We're all gonna pay for what we do to the world.


FUUUUUUCK.
I can't believe that I'm here, speeching about the end of the world, JUST LIKE one catholic, one doosh bag, one piece of shit. Well, there's no doubt that I am one piece of shit that doesn't worth one little fuck.
I've just scaped from the original subject, now there's a mess on this post and I have no idea of what I'm gonna write to cover all the crap I just wrote.


Tonight, me, Hernan Saldivar Herrero, gonna talk about some shits that makes me feel sad, sad, sad, as the Stones already said once.
Tired of this world, this human kind, this existence. Tired of reading 62 books per week and had to tolerated more disappointments at the weekend, no girls, no lovers, no hugs and kisses, just books, records, alternative movies that makes no sense at all to me, but I like to watched'em all just to look like an cult person. I like to be alone and do everything alone on my little world >> my room.
Today, everything that I do, I prefer to do alone, I prefer to be alone everywhere i go. Actually, I always loved to be an lonely person, but now, now that something hit my head and, mostly, my heart, being alone is the best thing that ever happened in my miserable and useless life. fuckyea


Ohh, I'm really tired of trying to find a way to keep writing this shit, maybe I'm not in te mood for that, or I'm not good in writing at all, yeah, i bet on these one. 

 Sorry.

see ya