quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Em todos os festejos há prantos.


Passaria o fim do ano longe
longe de todo mundo, no mar
com o cabelo imundo

abraçaria o que vem aí
enquanto ele elabora a nossa caída
para o final de mais um ano

e os fogos estariam distantes
no mar
mas haveria o cheiro de pólvora trazida pela brisa
da madrugada

estaria sozinho em um barco
ou solto no oceano
pensando o que raios se passa por baixo de minhas pernas

os peixes em grandes festas para o fim do ano marinho
alguns deles deprimidos por estarem no mesmo ponto de sempre
do mar
alguns pulariam para dentro do barco, com o propósito de ao menos virarem refeição de outra espécie
e morrerem com algum propósito no fim do ano
outros comeriam algas enteógenas que só os habitantes do mar conhecem
e então ficariam chapados e esqueceriam o fim do ano marinho

e eu assistiria às festas marinhas e terrestres
do meu barco, sozinho no oceano negro
os fogos pareceriam explosões de estrelas no mar de estrelas
e elas talvez estivessem comemorando algum final de bilhão de anos
e algumas morreriam, cansadas dos finais de anos
buracos negros engoliriam tudo até não poder mais
para preencherem algum vazio eterno dentro de seus estômagos negros

alguns casais na praia se beijariam
os bêbados chorariam
todos chapados de excesso de não viver

os drogados estariam se drogando e o ano passaria mas a onda não
jovens teriam uns aos outros, uns aos outros
uns aos outros...

eu estaria sozinho e longe de todo mundo
sem música e sem papel para escrever, no mar
com o cabelo imundo.


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