Passaria o fim do ano
longe
longe de todo mundo, no
mar
com o cabelo imundo
abraçaria o que vem aí
enquanto ele elabora a
nossa caída
para o final de mais um
ano
e os fogos estariam
distantes
no mar
mas haveria o cheiro de
pólvora trazida pela brisa
da madrugada
estaria sozinho em um
barco
ou solto no oceano
pensando o que raios se
passa por baixo de minhas pernas
os peixes em grandes
festas para o fim do ano marinho
alguns deles deprimidos
por estarem no mesmo ponto de sempre
do mar
alguns pulariam para
dentro do barco, com o propósito de ao menos virarem refeição de
outra espécie
e morrerem com algum
propósito no fim do ano
outros comeriam algas
enteógenas que só os habitantes do mar conhecem
e então ficariam
chapados e esqueceriam o fim do ano marinho
e eu assistiria às
festas marinhas e terrestres
do meu barco, sozinho
no oceano negro
os fogos pareceriam
explosões de estrelas no mar de estrelas
e elas talvez
estivessem comemorando algum final de bilhão de anos
e algumas morreriam,
cansadas dos finais de anos
buracos negros
engoliriam tudo até não poder mais
para preencherem algum
vazio eterno dentro de seus estômagos negros
alguns casais na praia
se beijariam
os bêbados chorariam
todos chapados de
excesso de não viver
os drogados estariam se
drogando e o ano passaria mas a onda não
jovens teriam uns aos
outros, uns aos outros
uns aos outros...
eu estaria sozinho e
longe de todo mundo
sem música e sem papel
para escrever, no mar
com o cabelo imundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário