terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Aguardente.


Estou amargo feito aguardente
e meu efeito em minha cabeça é
seco e
vazio
sóbrio e triste.
As pessoas passam e imagino como seria sobreviver no meio delas
elas te esmagam no metrô e esse deve ser o máximo que se pode esperar delas
em termos de contato.

Vazio e amargo
como a garganta arranhando com o trago da aguardente
como aposentados na igreja procurando pelo que não tiveram até agora.
O vinho do padre anula as palavras do crente.
Os finais de semana são idosos no asilo. Solitários e senis
o resto dos dias é como a brisa suave que vai levando
levando...
tudo.

Amorteço as quedas
meu cérebro espreme-se no crânio.
Há falta de ar como há de amor no mundo.
Homens abandonados sozinhos nas vielas, à beira da insanidade
As mulheres se viram sozinhas. Apaixonam meia dúzia de pobres coitados
e os abandonam no lixo
e deitam-se com os que sabem doma-las.

eu não sei.
Estou amargo e vazio
e a frieza e amargura não me pareciam tão sensuais
há quase um ano.

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