terça-feira, 28 de agosto de 2012

Versos aos Cães e aos malcheirosos de minha cidade


A pupila se dilata para canos gigantes
e fumegantes das indústrias
Os bares de samba estão fechados e sem vida
Essa cidade sem folclore
Nosso folclore sem cidade
Nossa cultura a gente engole
Filhos do Poeta de Andrade
que fazem jus ao seu criador literário
Correndo Transando Bebendo Pitando
Fedendo Matando Sofrendo Cheirando
chorando
Belas bundas redondas para o deleite de nossa
óptica
apenas,
sem tocar
sem morder
sem exagerar nesse desfrute visual
porque isso sim é considerado
Feio;

Os filhos dessa pátria cinza e amarela
sempre acham o jeito mais fácil
Todos eles
Todas elas
Todos nós
é a Paulicéia Desvairada mais vibrante do que nunca,
Modernistas fariam a Festa no século XXI
ou seriam sumariamente apedrejados
pixados
e teriam seus óculos roubados nos bancos das praças paulistas
cariocas curitibanas
nordestinas
norte ao sul com pinceladas
raivosas e ensandecidas
de artistas de rua
do leste ao oeste
mas o Estado Colorido Corroído
terra mãe de tantos Macunaímas
Preguiça da boa e tabaco de qualidade
em ruas onde qualquer vira lata é um charme de personalidade e caráter
cães negros revirando latas de lixo
com mais estilo do que muitos homens feitos
que já vi;

latrina
batina
lugar de macunaíma
e cordilheiras de cocaína
indo e vindo como ônibus numa avenida
nas ruas perfumadas com carbono
-que horas são, por favor?
O silêncio constrangedor morto por buzinas
e motoristas xingando as
mamães
uns dos outros,
a invejável ausência de carinho
& amor
do mundo civilizado,
temos as mais belas
e estúpidas garotas
Venham Todos! do quarto ou quinto mundo
Se apaixonem! Oh! Lindo!!
se apaixonem e gozem da paixão recíproca
da cidade
e da cidade...apenas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário