sexta-feira, 24 de agosto de 2012

O dia em que Carolina vacilou.


   Carolina se despia para o banho na suíte que dormia com seu marido todas as noites. Atrasada para encontrar umas amigas, ligou o chuveiro com pressa e sentou para dar uma cagada no vaso que era apertado demais com a pia. Se limpou de qualquer jeito e, num salto só, entrou no chuveiro, aonde a água quente se misturava, evaporava e condensava no azulejo branco do banheiro.
No quarto ao lado, no meio de ursinhos e pôneis desenhados na parede, com uma fraca luz do início da tarde entrando pela persiana fechada estava Felipe, trajando shorts e uma camiseta velha, com um livro de fábulas na cintura, em cima de sua virilha e cobrindo sua ereção enquanto olhava para sua filha Fabrícia dormindo. A garota havia caído no sono há algum já, sua pele branca e seu rosto angelical descansavam tranquilamente na cama com temas de princesas e outros finais felizes. Felipe mordia os lábios com desejo, olhando para a garota e passando sua mão engordurada por cima da cueca, querendo ouvir a hora em que o chuveiro iria desligar e sua mulher partiria por longas horas de diversão com suas amigas chatas:
  • Ainda está aí, papai? - acordava a garota de repente
  • Hum...ah, estava vendo você dormir, minha princesinha – respondeu o pai assustado – Tão lindinha
A garota se levantou lentamente e ficou sentada na cama com os olhos fechados por pequenos ramelas
  • Olha aí você com cara de joelho – brincou o pai e a criança riu
  • Quero brincar, pai. Brinca comigo?
  • Claro, meu céu. Quando a mamãe sair a gente brinca só nós dois. O que acha, princesinha?
  • Uhum, legal – sorriu a menina, abrindo um grande bocejo e deitando novamente na cama. Seu pai estava a ponto de se explodir na poltrona ao lado
A pequena Fabrícia levantou de seu leito e esfregou os olhos com as mãos, seus belos olhos cor de mel se revelaram para o pai e a fraca luz que vinha da persiana os faziam brilhar como duas lâmpadas enfraquecidas, e aquilo era lindo. O pai assistia sua filha despertar com toda a sua delicadeza e em sua mente se passavam filmes e conquistas, pensamentos e delírios sexuais cozinhavam em sua cabeça, temperados pela imagem da garotinha usando apenas uma calcinha rosa e sua camisetinha amarelo claro. A menina entrou no banheiro para falar alguma coisa para a mãe e Felipe fechou os olhos, respirou fundo e contou até dez. Precisava de calma e paciência para fazer o que queria fazer. Não que essa fosse sua primeira em algo assim, mas certamente podemos entender toda a precaução de Felipe e toda a sua...Chuveiro desligou.
Suas pupilas dilataram e o coração disparou como uma rajada de fuzil. No outro quarto ele ouvia a menina rindo de alguma coisa que a mãe falava e sua ansiedade crescia na mesma medida que seu desejo. Queria gritar para Carolina sair logo de casa, mas sabia que isso só levantaria suspeitas ou alguma discussão desnecessária. Foi na cozinha beber uma água e relaxar sua cabeça azucrinada. O labrador da casa estava deitado no chão do corredor e Felipe passou por ele despercebido. Sua mulher estava no processo de se arrumar lá em seu quarto e ouvia o barulho de cabides se debatendo dentro do armário de mogno e de sapatos cindo da sapateira e fazendo aquele som oco no chão:
  • Tem o que comer de noite, mulher? - gritou da cozinha
  • O que? - gritou Carol do quarto
  • Volta que horas? - berrou de volta
  • Só mais de noite. Por que?
  • Não tem nada pra comer! Me traz uns burgers aí, moreco!
  • Eu trago
Felipe agarrou uma cerveja na geladeira e abriu o armário para pegar uns amendoins. Encheu uma cumbuca com os petiscos e foi com os amendoins e a lata até a sala, ligou a televisão e abriu um sorriso e uma cerveja. O futebol passava e os passos da mulher e da filha vinham pela escada depois de alguns minutos de troca de roupas lá em cima. Deu um grande e agradecido gole na cerveja e sua vontade era de chutar sua amada pelo rabo para sair fora de lá logo:
  • Amor, estamos indo – disse Carolina
  • Ué, vai levar a Fabricinha também? - perguntou
  • Eu queria ir no shopping com a mamãe, pai. - sorriu a filha, mas se sentindo mal por ter deixado o pai na mão
  • Ah, princesa! Vai me deixar aqui sem ninguém? Vou chorar a tarde inteira sem você, minha lindinha.
  • Para de ser bobo, Fê. De noite estamos aí com seus burgers e você esquece a solidão – brincou a mulher
Felipe riu e disfarçou sua vontade de esganar as duas até a luz da vida deixar seus corpos da melhor forma que achou.
  • Ok, mas voltem logo.
Sentou no sofá de novo e virou um grande gole na cerveja. Talvez fumasse uns cigarros mais tarde e depois socasse umas para aliviar sua tensão e raiva das duas. Estava tão absorto em seus pensamentos de como aproveitar aquela tarde e metade da noite sozinho sem sua princesinha, que nem percebeu quando o jogo acabou, a porta da casa bateu, o motor do carro ligou e ficou lá parado uns segundos e o cachorro veio correndo do corredor até a porta como se estivesse fugindo de um monstro.

                             ''                                              ''                                                    ''

Carolina e Fabrícia deram tchau para o marido e pai que parecia estar prestando muita atenção no jogo que passava na televisão e fecharam a porta de casa. A mãe abriu o carro e a filha pulou para o branco de trás com uma expressão um tanto quanto melancólica em seu rostinho:
  • Que carinha é essa, Fabi? Triste? - a mãe olhava pelo retrovisor enquanto dava partida no motor
  • Ah, não queria deixar o papai aí. Ele falou que ia brincar comigo agora.
  • Quer ficar aí com ele? Até melhor, vai ser cansativo pra você ficar o dia inteiro no shopping.
  • Eu quero! - abriu a porta e esperou a mãe sair com o carro enquanto acenava para ela da garagem.
A mulher saia com o carro e olhou no retrovisor novamente. Viu a garota abrir a porta de casa e o labrador negro passar por suas pernas, correndo de dentro da casa. Ele olhou para o carro indo embora e o portão se fechando e começou a latir com toda a força que podia. Carolina achou aquilo muito estranho e o som do latido do cachorro realmente a fez se sentir agoniada de certa forma. Mas esqueceu daquilo tudo quando o portão da garagem se fechou e o labrador negro voltou para o seu canto dentro casa com o rabo entre as pernas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário