Carolina se despia
para o banho na suíte que dormia com seu marido todas as noites.
Atrasada para encontrar umas amigas, ligou o chuveiro com pressa e
sentou para dar uma cagada no vaso que era apertado demais com a pia.
Se limpou de qualquer jeito e, num salto só, entrou no chuveiro,
aonde a água quente se misturava, evaporava e condensava no azulejo
branco do banheiro.
No quarto ao lado,
no meio de ursinhos e pôneis desenhados na parede, com uma fraca luz
do início da tarde entrando pela persiana fechada estava Felipe,
trajando shorts e uma camiseta velha, com um livro de fábulas na
cintura, em cima de sua virilha e cobrindo sua ereção enquanto
olhava para sua filha Fabrícia dormindo. A garota havia caído no
sono há algum já, sua pele branca e seu rosto angelical descansavam tranquilamente na cama com temas de princesas e outros finais
felizes. Felipe mordia os lábios com desejo, olhando para a garota e
passando sua mão engordurada por cima da cueca, querendo ouvir a
hora em que o chuveiro iria desligar e sua mulher partiria por longas
horas de diversão com suas amigas chatas:
- Ainda está aí, papai? - acordava a garota de repente
- Hum...ah, estava vendo você dormir, minha princesinha – respondeu o pai assustado – Tão lindinha
A garota se levantou
lentamente e ficou sentada na cama com os olhos fechados por pequenos
ramelas
- Olha aí você com cara de joelho – brincou o pai e a criança riu
- Quero brincar, pai. Brinca comigo?
- Claro, meu céu. Quando a mamãe sair a gente brinca só nós dois. O que acha, princesinha?
- Uhum, legal – sorriu a menina, abrindo um grande bocejo e deitando novamente na cama. Seu pai estava a ponto de se explodir na poltrona ao lado
A pequena Fabrícia
levantou de seu leito e esfregou os olhos com as mãos, seus belos
olhos cor de mel se revelaram para o pai e a fraca luz que vinha da
persiana os faziam brilhar como duas lâmpadas enfraquecidas, e
aquilo era lindo. O pai assistia sua filha despertar com toda a sua
delicadeza e em sua mente se passavam filmes e conquistas,
pensamentos e delírios sexuais cozinhavam em sua cabeça, temperados
pela imagem da garotinha usando apenas uma calcinha rosa e sua
camisetinha amarelo claro. A menina entrou no banheiro para falar
alguma coisa para a mãe e Felipe fechou os olhos, respirou fundo e
contou até dez. Precisava de calma e paciência para fazer o que
queria fazer. Não que essa fosse sua primeira em algo assim, mas
certamente podemos entender toda a precaução de Felipe e toda a
sua...Chuveiro desligou.
Suas pupilas
dilataram e o coração disparou como uma rajada de fuzil. No outro
quarto ele ouvia a menina rindo de alguma coisa que a mãe falava e
sua ansiedade crescia na mesma medida que seu desejo. Queria gritar
para Carolina sair logo de casa, mas sabia que isso só levantaria
suspeitas ou alguma discussão desnecessária. Foi na cozinha beber
uma água e relaxar sua cabeça azucrinada. O labrador da casa estava
deitado no chão do corredor e Felipe passou por ele despercebido.
Sua mulher estava no processo de se arrumar lá em seu quarto e ouvia
o barulho de cabides se debatendo dentro do armário de mogno e de
sapatos cindo da sapateira e fazendo aquele som oco no chão:
- Tem o que comer de noite, mulher? - gritou da cozinha
- O que? - gritou Carol do quarto
- Volta que horas? - berrou de volta
- Só mais de noite. Por que?
- Não tem nada pra comer! Me traz uns burgers aí, moreco!
- Eu trago
Felipe agarrou uma
cerveja na geladeira e abriu o armário para pegar uns amendoins.
Encheu uma cumbuca com os petiscos e foi com os amendoins e a lata
até a sala, ligou a televisão e abriu um sorriso e uma cerveja. O
futebol passava e os passos da mulher e da filha vinham pela escada
depois de alguns minutos de troca de roupas lá em cima. Deu um
grande e agradecido gole na cerveja e sua vontade era de chutar sua
amada pelo rabo para sair fora de lá logo:
- Amor, estamos indo – disse Carolina
- Ué, vai levar a Fabricinha também? - perguntou
- Eu queria ir no shopping com a mamãe, pai. - sorriu a filha, mas se sentindo mal por ter deixado o pai na mão
- Ah, princesa! Vai me deixar aqui sem ninguém? Vou chorar a tarde inteira sem você, minha lindinha.
- Para de ser bobo, Fê. De noite estamos aí com seus burgers e você esquece a solidão – brincou a mulher
Felipe riu e
disfarçou sua vontade de esganar as duas até a luz da vida deixar
seus corpos da melhor forma que achou.
- Ok, mas voltem logo.
Sentou no sofá de
novo e virou um grande gole na cerveja. Talvez fumasse uns cigarros
mais tarde e depois socasse umas para aliviar sua tensão e raiva das
duas. Estava tão absorto em seus pensamentos de como aproveitar
aquela tarde e metade da noite sozinho sem sua princesinha, que nem
percebeu quando o jogo acabou, a porta da casa bateu, o motor do
carro ligou e ficou lá parado uns segundos e o cachorro veio
correndo do corredor até a porta como se estivesse fugindo de um
monstro.
'' '' ''
Carolina e Fabrícia
deram tchau para o marido e pai que parecia estar prestando muita
atenção no jogo que passava na televisão e fecharam a porta de
casa. A mãe abriu o carro e a filha pulou para o branco de trás com
uma expressão um tanto quanto melancólica em seu rostinho:
- Que carinha é essa, Fabi? Triste? - a mãe olhava pelo retrovisor enquanto dava partida no motor
- Ah, não queria deixar o papai aí. Ele falou que ia brincar comigo agora.
- Quer ficar aí com ele? Até melhor, vai ser cansativo pra você ficar o dia inteiro no shopping.
- Eu quero! - abriu a porta e esperou a mãe sair com o carro enquanto acenava para ela da garagem.
A mulher saia com o
carro e olhou no retrovisor novamente. Viu a garota abrir a porta de
casa e o labrador negro passar por suas pernas, correndo de dentro da
casa. Ele olhou para o carro indo embora e o portão se fechando e
começou a latir com toda a força que podia. Carolina achou aquilo
muito estranho e o som do latido do cachorro realmente a fez se
sentir agoniada de certa forma. Mas esqueceu daquilo tudo quando o
portão da garagem se fechou e o labrador negro voltou para o seu
canto dentro casa com o rabo entre as pernas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário