Estávamos
meu pai e eu
passando pelas vielas
da zona norte
indo para o hospital
ou o asilo
ou o manicômio, ou a
escola
ou para o inferno, ou
para a vida;
não me lembro e não
faz diferença,
mas estava escuro
um
breu ~
as sombras batendo como ondas pelas paredes de concreto, portas e
janelas da
periferia
periferia
pequenos pontos de luz e chama me faz imaginar cigarros
ou algo do tipo. Beberrões ordinários e malditos
jogados na sarjeta e
nas caçambas
pombas e gatos dilacerados nos pisos da zona norte
e da zona da cidade ~
um carro velho e fodido
passa como se fosse uma
bala
na escuridão
rangendo peças e anos
de servidão ao ser humano;
achamos que iria
explodir de tão fodido que estava o pobre do carro;
"olha que filho
duma puta! Louco!" - pai
viramos a esquina
escura
coberta por sombras
e sujeira
e mijo de mamíferos
das mais diversas espécies urbanas,
e lá estava
lá
o carro &
os carros, dando a luz
que mais iluminava aquele ambiente desde sua existência
mais que o próprio sol
ou a noite
com suas luzes de
ameaça paz e sangue
os carros iluminavam
quatro ou cinco ou seis
homens
abordando
quatro ou cinco ou seis
homens
os homens do carro
fodido ~
estavam deitados,
revistados e humilhados.
meu pai dentro do
carro
comentou,
eu comentei
e rimos &
foi legal.
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