Litorâneo
I – Aonde estão
as ninfas?
O mar a noite a brisa
o vento o tormento
ela deita em seus
pensamentos
te consome como consumo
o fermentado
me queima como queimo
ao Sol
Só irei durar se
conservado em formol
Engarrafado numa
réplica de uma caravela
Ao rum!
Às Ninfas!
II – 8.5
Megapixels na escala Richter.
- Eles falaram sobre pelicas...pelicanos banhados em petróleo, feitos de petróleo galático...de outro planeta...tomando cerveja, bicho.
- O que você tá falando, cara?!
- Não sei.
- Então continua falando e eu escrevo.
- Pelicas, cara, pelicanos galáticos banhados em petróleo, feitos de petróleo....
III -
Ouvindo Bob Marley
meio bêbado, alto
enquanto o Sol nasce
em minhas costas
sozinho
acordado
sozinho
isso é o que o
Universo pode me conceder no momento,
obrigado.
IV- Preguiça é um
gato na rede
Onde está minha ruiva?
Onde está minha
morena?
Há jazz
Há solidão
Há ébrios
Não há eu
Não há você
O litoral nasce com os
pássaros
enquanto escrevo
minha visão turva
detona a manha
LAZY
Aonde está a gaita?
Aonde está a
feminilidade?
Aonde está o eu?
V- Garota
ácida\Solitude rises
Loira de biquini branco
até suas celulites são
tão belas quanto as estrelas
sua indiferença para
com nós a torna nosso totem
nosso tabu
seus olhos se perdem na
água azul da piscina, eles se desmancham e tingem a água
enquanto você está
sozinha e tranquila nadando
sinto-me só e podre
decadente enquanto a
neblina da noite nos derruba
sou o que sou
feio e destruído
cheio de amigos
cheio de piadas
cheio de brisa
cheio de ideia errada
a garoa despenca
solidão aumenta
meu refúgio são as
pobres rimas
minhas atuais amigas.
VI- Pássaros gordos
não voam para as outras árvores.
Os pássaros parecem
ter poder soberano sobre o ar
transportam suas penas
como nos transportam ao
bar
com a graça dos livres
os presos estão longe
Eu estou longe.
Longe.
VII- Conversando na
beira da piscina
Crianças na água
dois perdedores
sentados
um com um caderno e um
lápis grosso
conversando sobre os
beats
sobre estereótipos
culturais
sobre o fim do ano
e a chegada do Fim
Burroughs era um velho
batuta
Cassady destruia nas
festas
e depois se destruia
Hunter Thompson se
cansou uma hora, como todos nós vamos nos cansar
E Celine era uma porra
de um nazi
As criancinhas ainda na
piscina
- Uma pra mim. Outra pra você
- A menorzinha é minha.
Riram.
VIII – Fool
Chuva cai como caio
para você
o vento litorâneo vem
com a força dos oceanos
estou comendo merda
e bebendo frustrações
às goladas
salgadas como o mar
amargas como o ano novo
aterrorizando aos
perdidos como eu
não quero estar só
mesmo rodeado por todos
não quero estar só
mesmo rodeado por todos
se só você estivesse
aqui
e fôssemos as últimas
pessoas
entre anos luz de
constelações
vazias e solitárias
eu nem pensaria nas que
um dia me rodearam
e até bajularam
e não haveria por que
beber nem uma cerveja gelada
beberia e fumaria você
fria, macia.
Mas é certo que não
está
mas é certo que não
estará
Não quero estar só
mesmo com todos aqui e
ali
eu não quero estar só
nessa porra.
IX – solto no
caderno
cada um tem sua
realidade
e sua própria
definição de certo e divertido
nos julgamos infelizes
espelhando-nos no que achamos que é diversão para os outros
pensando que é o certo
para nós também
os outros espelham-se
em outros
e nos fechamos nessa
roleta russa existencial
pensando que a
felicidade própria é tão inalcançável
que deixamos de
existir.
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