terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Litorâneo


Litorâneo


I – Aonde estão as ninfas?

O mar a noite a brisa
o vento o tormento
ela deita em seus pensamentos
te consome como consumo o fermentado
me queima como queimo ao Sol
Só irei durar se conservado em formol
Engarrafado numa réplica de uma caravela

Ao rum!
Às Ninfas!


II – 8.5 Megapixels na escala Richter.

  • Eles falaram sobre pelicas...pelicanos banhados em petróleo, feitos de petróleo galático...de outro planeta...tomando cerveja, bicho.
  • O que você tá falando, cara?!
  • Não sei.
  • Então continua falando e eu escrevo.
  • Pelicas, cara, pelicanos galáticos banhados em petróleo, feitos de petróleo....

III -
Ouvindo Bob Marley
meio bêbado, alto enquanto o Sol nasce
em minhas costas
sozinho
acordado
sozinho
isso é o que o Universo pode me conceder no momento,
obrigado.

IV- Preguiça é um gato na rede

Onde está minha ruiva?
Onde está minha morena?
Há jazz
Há solidão
Há ébrios
Não há eu
Não há você

O litoral nasce com os pássaros
enquanto escrevo
minha visão turva detona a manha
LAZY

Aonde está a gaita?
Aonde está a feminilidade?
Aonde está o eu?

V- Garota ácida\Solitude rises
Loira de biquini branco
até suas celulites são tão belas quanto as estrelas
sua indiferença para com nós a torna nosso totem
nosso tabu
seus olhos se perdem na água azul da piscina, eles se desmancham e tingem a água
enquanto você está sozinha e tranquila nadando
sinto-me só e podre
decadente enquanto a neblina da noite nos derruba
sou o que sou
feio e destruído
cheio de amigos
cheio de piadas
cheio de brisa
cheio de ideia errada

a garoa despenca
solidão aumenta
meu refúgio são as pobres rimas
minhas atuais amigas.

VI- Pássaros gordos não voam para as outras árvores.

Os pássaros parecem ter poder soberano sobre o ar
transportam suas penas
como nos transportam ao bar
com a graça dos livres

os presos estão longe

Eu estou longe.
Longe.

VII- Conversando na beira da piscina

Crianças na água
dois perdedores sentados
um com um caderno e um lápis grosso

conversando sobre os beats
sobre estereótipos culturais
sobre o fim do ano
e a chegada do Fim

Burroughs era um velho batuta
Cassady destruia nas festas
e depois se destruia
Hunter Thompson se cansou uma hora, como todos nós vamos nos cansar
E Celine era uma porra de um nazi

As criancinhas ainda na piscina
  • Uma pra mim. Outra pra você
  • A menorzinha é minha.
Riram.

VIII – Fool

Chuva cai como caio para você
o vento litorâneo vem com a força dos oceanos
estou comendo merda
e bebendo frustrações às goladas
salgadas como o mar
amargas como o ano novo
aterrorizando aos perdidos como eu

não quero estar só
mesmo rodeado por todos
não quero estar só
mesmo rodeado por todos
se só você estivesse aqui
e fôssemos as últimas pessoas
entre anos luz de constelações
vazias e solitárias
eu nem pensaria nas que um dia me rodearam
e até bajularam
e não haveria por que beber nem uma cerveja gelada
beberia e fumaria você
fria, macia.
Mas é certo que não está
mas é certo que não estará

Não quero estar só
mesmo com todos aqui e ali
eu não quero estar só
nessa porra.

IX – solto no caderno

cada um tem sua realidade
e sua própria definição de certo e divertido
nos julgamos infelizes espelhando-nos no que achamos que é diversão para os outros
pensando que é o certo para nós também
os outros espelham-se em outros
e nos fechamos nessa roleta russa existencial
pensando que a felicidade própria é tão inalcançável
que deixamos de existir.

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