segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Névoa sobre os montes verdes da ilha.


Enquanto assistem televisão e conversam
Enquanto comem e bebem e bebem e bebem
Penso no litoral negro, perto da madrugada
Nas luzes da cidade mais próxima, separadas de mim por milhões e milhões e
milhões
de moléculas de água e grãos de areia mal quebrados
não há ondas aqui, não há Sol nesses dias
ilha neblina
como a névoa densa que me ronda desde não sei mais; já cansei de contar
[mas isso não é sobre mim
nem sobre tv ou álcool ou brisa
talvez sobre ventos e barcos camuflados na noite
sobre o monte iluminado por casas dos moradores da cidade próxima da ilha
que faz parecer um navio naufragando no breu
eternamente à deriva
talvez seja sobre o Sol que não deu muito as caras por aqui esses dias
e talvez seja pra você, por sua causa.

por que o que escrevo nos últimos tempos não é para mim ou para os outros
é pra você
é seu, para que eu tenha você de alguma forma por alguns minutos, tenha de alguma forma que seja fora dos meus pensamentos vagos e românticos, tenha você além da minha eterna fantasia de um admirável loser gordo.
como tento ter o mundo aos meus olhos quando me perco em devaneios olhando para o mar escuro
para os barcos e iates e lanchas milionários esperando seus donos pomposos
com suas loiras e morenas e ruivas e japas
como tento tantas coisas que não dão em nada, tantas outras, tantos fracassos

eles tem o status, eles tem as porções de camarão mais caras e baldes de cerveja gelada
ao seu lado as mais belas acompanhantes
e eu tenho eu, minha cerveja só, meu livro, minha cabeça
e meus dedos inquietos
amém.

Nenhum comentário:

Postar um comentário