Chega, eba, cresce e corre
pelas ruas do bairro prédio
Cuidado, moleque! chove
escorre
o sangue, o ralado, o patinete quebrado
as guerras intermináveis os tiros invisíveis
"te matei", te peguei"
e batíamos no Andrei, o idiota
seu choro estridente seguido de sua voz fanha
e quando ninguém via
era o meu parceiro em várias façanhas
os tatus no jardim e os zumbis no bicicletário
junte tudo com armas
nosso santuário;
o Sol no sábado, no parquinho uma árvore
nunca a escalei
lamentei
mas também não tentei;
a chuva
que caía, caía, caía
na quadra fodida
nos jogávamos como doidos na água caída
quando Victor enfiou o queixo no cano
e disse que doía, doía
aquele estacionamento sem fim
para nós
o eterno campo de batalha
de nossa juventude
A moça do geladinho no 17º
suas filhas perfeitas
minhas musas
primeiras ninfetas
destruição do salão de jogos
sinuca, TV velha e RPG
apenas desenhávamos,
não sabíamos o que fazer
bonecos de ação, tchum pow boom
no 10º C-2, antro da imaginação
carros abandonados, sujos, pixados
embaixo de alguns
um casal apaixonado
e uma plateia
nos outros carros
histórias de criança
vantagens
e acreditávamos em tudo aquilo
ríamos e brigávamos
soco na boca,
murro nas costas
um choro aqui
um ali
a vida é o quadro perfeito
de Dali
e a infância é inconstante
como esse versos
e rimas
e como a vida
e como o ser humano
uma pena que isso aparece na minha cabeça
apenas como surrealismo
hoje em dia.
Que saudades daquele tempo...
ResponderExcluir