"Ele está
sentado em sua cadeira, o babador que sua mãe amarrara em volta de
seu pescoço ainda estava limpo, apesar das manchas antigas, e o sol
fazia as coisas brilharem em sua vista quase que recém adquirida. A
mãe estava distraída esquentando alguma coisa para dar ao filho e a
televisão mostrava a foto de uma jovem que o pequeno garoto
reconheceu, mesmo não conseguindo falar direito ainda. Ele chamou a
atenção da mãe e ela sorri para ele, em seguida olha para onde o
dedinho gordo do filho apontava. Ela larga um pote de papinha para
bebes no chão e começa a surtar. Era a sua filha mais velha na tela.
Mas não falava ou se mexia, apenas uma foto dela e algo bem grande
escrito embaixo da foto, ele não entendia e nem tentou entender
aquilo naquela hora. Mas os dias ensolarados e as papinhas matinais
nunca mais foram iguais depois dessa manha."
01:14
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Escuro.
Escuro.
Silêncio.
Pesadelo.
Algo em sua boca...e em
seus olhos
panos.
Ela aos poucos se dá
conta do quão acordada realmente está.
Mas seu cérebro ainda
tenta fazer acredita-la
em sua cama a fazendo
sonhar.
A garota de roupa
vermelha e cabelo vermelho
sente a sensação
quando alguém está te observando
mas não há como saber
quem.
Ela está sentada e
tenta se mover
não consegue, sente a
pressão de cordas grossas em volta de seus braços e pernas
A mulher agora
claramente desesperada,
se move e faz sons do
jeito que pode
com sua boca
avermelhada
pelo batom francês que
comprou
dois dias atrás.
Se mexe e grita e não
ouve os passos firmes vindo em sua direção.
Ele se aproxima até o
seu hálito de tabaco atingir as narinas brancas da garota.
Ela gela. Parada como
um gato acoado.
Ele fica lá. De frente
para a mulher, respirando pela boca.
Seu hálito é de um
frio agonizante e a cor cinza surge no cérebro da mulher ao
senti-lo.
A mulher começa a
gritar novamente do jeito que pode.
A mordaça em sua boca
abafa completamente o som.
Ele passa a mão
suavemente pela nuca da garota
e os gritos se
intensificam.
O homem sorri
suavemente.
Puxa o nó do pano, que
cai
e os gritos agora ecoam por todo aquele lugar
que ela não faz ideia
qual seja.
"QUE ISSO? MEU
DEUS DO CÉU......SOCORRO! SOCORRO! ME TIRA DESSA CADEIRA! ALGUÉM,
POR FAVOOOR!!"
O homem se afasta dela
e observa a alguns passos de distância os gritos desesperados.
Cada um fazendo-o ter
um comichão dentro de suas vísceras.
Cada grito desesperado
o levava a um pequeno êxtase.
Que só conseguia
sentir ao provocar a agonia.
A agonia que viu sua
mãe sentir.
E que mais tarde ela o
fez sentir também.
A garota grita até
começar a perder a voz e tossir.
Ele dá os seus passos
firmes e chega em seu ouvido para lhe falar
"Não há ninguém
próximo daqui. Se você gritar por cinco anos, ainda não haverá
ninguém próximo daqui. Se eu te cortar em mil pedaços e fazer
chover você pelos ares daqui...ainda não haverá ninguém por aqui
para ouvir esses gritos.'
Ela ficou em choque ao
ouvir aquela voz cálida. Ela não gritou, seu sangue parecia
congelado ao correr pelas veias, todos os seus músculos estavam em
estado de alerta, prontos para correrem
se não estivessem
todos presos à cadeira.
O homem pega uma
cadeira, tira seu chapéu cinza e sua jaqueta preta
Cuidadosamente os
coloca numa mesa ao lado.
Vai com a cadeira até
a frente da garota, que começa a implorar qualquer coisa para ele.
Ele não escuta. Ela
oferece sexo consensual ao homem. Ele ri.
"Qual seria a
graça?" ele pensa, mas não fala
Tem que saber como usar
as palavras numa ocasião especial como essa.
E ele sabe.
O homem de meia idade
passa seus dedos finos pelas coxas brancas e lisas
dela.
E ela percebe somente
agora que estava somente de calcinha e sutiã amarrada à cadeira.
Ela chora mais enquanto
o dedo fino sobe e desce pela coxa, lentamente
quase que sensualmente,
se não fosse pela posição em que estava naquele lugar.
Ela lembra como o seu
ex namorado fazia o mesmo e ela gostava disso.
O homem continua
passando a mão por ela, mas não está sorrindo
ele sente um frio
subindo pela sua espinha.
Um receio que não
sentiu antes.
Sua respiração oscila
e ele decidi terminar logo com aquilo.
Levanta com violência
da cadeira e a garota se assusta.
Puxa suas roupas
íntimas, que se rasgam de uma vez só.
O homem olha para o
corpo da mulher,
que apesar de tudo
ainda lhe trazem aquela angústia
e a imagem de sua mãe
chorando na frente da
televisão, para aquela garotinha com as pernas abertas no meio de um
córrego
com cães ao seu redor,
comendo merda e restos.
Ele joga sua
prisioneira no chão e abaixa suas calças.
Mas não está
excitado.
A mulher grita
novamente e implora para que não o fizesse.
Ele fará.
Ele fará.
Ele FARÁ
ELE FARÁ.
Ele...fará.
Não consegue.
Não consegue.
E a garota continua
gritando
O homem se joga no chão
ao lado da ruiva
e olha para o teto
daquele lugar, uma espécie de galpão.
Uma pontada em seu
peito o deixa sem direção.
A garota tenta falar
com ele alguma coisa.
Ele não a escuta,
apenas encara o teto com o mesmo olhar frio de antes.
Ele olha para a garota,
seu corpo branco e rosado.
Levanta, vai até sua
jaqueta preta e cobre a garota.
Coloca-a de volta na
cadeira e diz, realmente arrependido.
"Desculpe por ter
sido rude"
A menina não sabe o
que falar, ainda não enxerga nada.
"Você vai me
deixar ir? Por favor...eu nem vi o seu rosto, não sei como você
é....por favor"
diz a ruiva
choramingando.
Ele fica em silêncio
um tempo, olhando a bela mulher chorando.
Então ele passa a mão
pelo rosto dela
e abaixa a venda da
mulher, revelando os olhos verdes
"Agora não"
Ela volta a chorar, mas
dessa vez não grita ou esperneia, apenas chora em silêncio, rezando
para acordar em sua cama.
Mesmo sabendo estar
acordada como nunca.
Ela encara o olhar frio
do homem, não consegue enxergar bem suas feições
e não se lembraria
dele se perguntassem, pelo seu estado de choque contínuo.
A garota sente nojo da
jaqueta do homem cobrindo seu corpo nu, mas prefere continuar com
ela.
Ela não responde
quando ele pergunta seu nome.
Ele pergunta de novo e
ela sussurra algo que o homem não escuta, mas finge ter entendido.
"Me solta, por
favor, moço...por favor...eu não mereço isso"
Ele vai até o fundo do
galpão, perto de seu chapéu.
"Por favor....por
favor...pelo amor de Deus, de qualquer coisa..."
Ele mexe em um estojo e
tira algo que brilha na luz. Uma lâmina.
"ME SOLTA, SEU
FILHO DA PUTA! DOENTE! SOCORRO! SEU DOENTE FILHO DE UMA PUTA!
SOCORROOOO!"
Ele se aproxima
lentamente dela
enxerga somente o vulto
dele se aproximando
com a lâmina
brilhante.
Uma pequena lâmina
cortando o ar.
A cada passo que ele dá
a respiração dela
começa a falhar.
Seus gritos começam a
falhar.
Ela balança a cabeça
negativamente
enquanto ele se
aproxima e diminui o ritmo de seus passos.
Ele chega a centímetros
de seu rosto, ela está gelada como a morte.
A garota fecha os
olhos.
"Você vai me
matar?
Silêncio
"Só me mata logo
então...por favor...não quero sentir dor...eu imploro só isso,
moço"
O desespero e o choro
na voz da mulher são tão grandes
que até o homem parece
se abalar.
Ele a encara por alguns
segundos, ela enxerga uma certa ternura em seu olhar.
"Desculpa,
garota...não posso fazer isso"
Ela abaixa a cabeça
desistindo e ele olha para o seu pequeno bisturi.
E com um toque suave a
lâmina afiada deslizou pela perna macia e branca da mulher,
que começou a jorrar
sangue antes mesmo dela sentir a dor.
O sangue morno
esguichava rapidamente pelo corte
e a garota chorava
muito agora;
chorava como um bebê
que acabou de nascer;
chorava como uma
menininha estuprada e abandonada no meio do matagal;
chorava como quem
estava para encarar a morte finalmente.
O homem então levanta
a cabeça da garota e faz um corte grande em seu rosto.
O grito dela não
escapa, não há mais o que gritar.
Sua pele branca agora é
vermelha como seus cabelos
Ela começa a ficar
mais e mais pálida
E o homem começa a
fazer mais e mais cortes nela
depois foram os belos
olhos verdes
e aí ela gritou.
Sua coxa ainda jorrava
muito sangue e esguichava tudo na roupa do homem, que parecia sentir
um prazer sexual nisso.
Os cabelos ruivos da
menina já se confundiam com o vermelho do sangue, estavam
bagunçados
sem jeito, sem vida;
a mulher perdia as
forças cada vez mais,
sua vista escurecia.
Ela sentiu as mãos
frias dele acariciando seu rosto
acariciando como se
fosse o pai dela
salvando-a.
Ele passou as mãos
pelo rosto ensanguentado dela, sua pele ainda era macia e branca
e ele se lembrou de sua
mãe
e de sua irmã mais
velha
que não conseguiu
envelhecer mais.
E então ele sorriu,
sorriu um sorriso que
abriu de ponta a ponta.
E a garota tombou sua
cabeça para baixo, respirava igual a um velho em estágio terminal.
Sua perna agora jorrava
menos sangue, seu pé escorregava na gigantesca poça que estava
embaixo dela.
O homem beijou sua
cabeça e a abraçou.
"Papai...pai..."
foram as últimas
palavras dela.
Ele continuou abraçado
ao seu corpo.
Olhou as horas em seu
relógio, por cima do ombro da garota morta.
"Perfeito."
Silêncio.
Escuro.
Sangue.
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