sexta-feira, 26 de abril de 2013

01:14



"Ele está sentado em sua cadeira, o babador que sua mãe amarrara em volta de seu pescoço ainda estava limpo, apesar das manchas antigas, e o sol fazia as coisas brilharem em sua vista quase que recém adquirida. A mãe estava distraída esquentando alguma coisa para dar ao filho e a televisão mostrava a foto de uma jovem que o pequeno garoto reconheceu, mesmo não conseguindo falar direito ainda. Ele chamou a atenção da mãe e ela sorri para ele, em seguida olha para onde o dedinho gordo do filho apontava. Ela larga um pote de papinha para bebes no chão e começa a surtar. Era a sua filha mais velha na tela. Mas não falava ou se mexia, apenas uma foto dela e algo bem grande escrito embaixo da foto, ele não entendia e nem tentou entender aquilo naquela hora. Mas os dias ensolarados e as papinhas matinais nunca mais foram iguais depois dessa manha."


01:14

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Escuro.
Silêncio.
Pesadelo.
Algo em sua boca...e em seus olhos
panos.
Ela aos poucos se dá conta do quão acordada realmente está.
Mas seu cérebro ainda tenta fazer acredita-la
em sua cama a fazendo sonhar.
A garota de roupa vermelha e cabelo vermelho
sente a sensação quando alguém está te observando
mas não há como saber quem.
Ela está sentada e tenta se mover
não consegue, sente a pressão de cordas grossas em volta de seus braços e pernas
A mulher agora
claramente desesperada,
se move e faz sons do jeito que pode
com sua boca avermelhada
pelo batom francês que comprou
dois dias atrás.

Se mexe e grita e não ouve os passos firmes vindo em sua direção.
Ele se aproxima até o seu hálito de tabaco atingir as narinas brancas da garota.
Ela gela. Parada como um gato acoado.
Ele fica lá. De frente para a mulher, respirando pela boca.
Seu hálito é de um frio agonizante e a cor cinza surge no cérebro da mulher ao senti-lo.

A mulher começa a gritar novamente do jeito que pode.
A mordaça em sua boca abafa completamente o som.
Ele passa a mão suavemente pela nuca da garota
e os gritos se intensificam.
O homem sorri suavemente.
Puxa o nó do pano, que cai
e os gritos agora ecoam por todo aquele lugar
que ela não faz ideia qual seja.

"QUE ISSO? MEU DEUS DO CÉU......SOCORRO! SOCORRO! ME TIRA DESSA CADEIRA! ALGUÉM, POR FAVOOOR!!"

O homem se afasta dela e observa a alguns passos de distância os gritos desesperados.
Cada um fazendo-o ter um comichão dentro de suas vísceras.
Cada grito desesperado o levava a um pequeno êxtase.
Que só conseguia sentir ao provocar a agonia.
A agonia que viu sua mãe sentir.
E que mais tarde ela o fez sentir também.

A garota grita até começar a perder a voz e tossir.
Ele dá os seus passos firmes e chega em seu ouvido para lhe falar
"Não há ninguém próximo daqui. Se você gritar por cinco anos, ainda não haverá ninguém próximo daqui. Se eu te cortar em mil pedaços e fazer chover você pelos ares daqui...ainda não haverá ninguém por aqui para ouvir esses gritos.'

Ela ficou em choque ao ouvir aquela voz cálida. Ela não gritou, seu sangue parecia congelado ao correr pelas veias, todos os seus músculos estavam em estado de alerta, prontos para correrem
se não estivessem todos presos à cadeira.

O homem pega uma cadeira, tira seu chapéu cinza e sua jaqueta preta
Cuidadosamente os coloca numa mesa ao lado.
Vai com a cadeira até a frente da garota, que começa a implorar qualquer coisa para ele.
Ele não escuta. Ela oferece sexo consensual ao homem. Ele ri.
"Qual seria a graça?" ele pensa, mas não fala
Tem que saber como usar as palavras numa ocasião especial como essa.
E ele sabe.

O homem de meia idade passa seus dedos finos pelas coxas brancas e lisas
dela.
E ela percebe somente agora que estava somente de calcinha e sutiã amarrada à cadeira.
Ela chora mais enquanto o dedo fino sobe e desce pela coxa, lentamente
quase que sensualmente, se não fosse pela posição em que estava naquele lugar.
Ela lembra como o seu ex namorado fazia o mesmo e ela gostava disso.
O homem continua passando a mão por ela, mas não está sorrindo
ele sente um frio subindo pela sua espinha.
Um receio que não sentiu antes.
Sua respiração oscila e ele decidi terminar logo com aquilo.
Levanta com violência da cadeira e a garota se assusta.
Puxa suas roupas íntimas, que se rasgam de uma vez só.
O homem olha para o corpo da mulher,
que apesar de tudo ainda lhe trazem aquela angústia
e a imagem de sua mãe
chorando na frente da televisão, para aquela garotinha com as pernas abertas no meio de um córrego
com cães ao seu redor, comendo merda e restos.
Ele joga sua prisioneira no chão e abaixa suas calças.
Mas não está excitado.
A mulher grita novamente e implora para que não o fizesse.
Ele fará.
Ele fará.
Ele FARÁ
ELE FARÁ.
Ele...fará.
Não consegue.
Não consegue.
E a garota continua gritando
O homem se joga no chão ao lado da ruiva
e olha para o teto daquele lugar, uma espécie de galpão.
Uma pontada em seu peito o deixa sem direção.

A garota tenta falar com ele alguma coisa.
Ele não a escuta, apenas encara o teto com o mesmo olhar frio de antes.

Ele olha para a garota, seu corpo branco e rosado.
Levanta, vai até sua jaqueta preta e cobre a garota.
Coloca-a de volta na cadeira e diz, realmente arrependido.
"Desculpe por ter sido rude"

A menina não sabe o que falar, ainda não enxerga nada.
"Você vai me deixar ir? Por favor...eu nem vi o seu rosto, não sei como você é....por favor"
diz a ruiva choramingando.
Ele fica em silêncio um tempo, olhando a bela mulher chorando.
Então ele passa a mão pelo rosto dela
e abaixa a venda da mulher, revelando os olhos verdes
"Agora não"

Ela volta a chorar, mas dessa vez não grita ou esperneia, apenas chora em silêncio, rezando para acordar em sua cama.
Mesmo sabendo estar acordada como nunca.
Ela encara o olhar frio do homem, não consegue enxergar bem suas feições
e não se lembraria dele se perguntassem, pelo seu estado de choque contínuo.
A garota sente nojo da jaqueta do homem cobrindo seu corpo nu, mas prefere continuar com ela.
Ela não responde quando ele pergunta seu nome.
Ele pergunta de novo e ela sussurra algo que o homem não escuta, mas finge ter entendido.

"Me solta, por favor, moço...por favor...eu não mereço isso"
Ele vai até o fundo do galpão, perto de seu chapéu.
"Por favor....por favor...pelo amor de Deus, de qualquer coisa..."
Ele mexe em um estojo e tira algo que brilha na luz. Uma lâmina.
"ME SOLTA, SEU FILHO DA PUTA! DOENTE! SOCORRO! SEU DOENTE FILHO DE UMA PUTA! SOCORROOOO!"
Ele se aproxima lentamente dela
enxerga somente o vulto dele se aproximando
com a lâmina brilhante.
Uma pequena lâmina cortando o ar.
A cada passo que ele dá
a respiração dela começa a falhar.
Seus gritos começam a falhar.
Ela balança a cabeça negativamente
enquanto ele se aproxima e diminui o ritmo de seus passos.
Ele chega a centímetros de seu rosto, ela está gelada como a morte.
A garota fecha os olhos.
"Você vai me matar?
Silêncio
"Só me mata logo então...por favor...não quero sentir dor...eu imploro só isso, moço"
O desespero e o choro na voz da mulher são tão grandes
que até o homem parece se abalar.
Ele a encara por alguns segundos, ela enxerga uma certa ternura em seu olhar.
"Desculpa, garota...não posso fazer isso"
Ela abaixa a cabeça desistindo e ele olha para o seu pequeno bisturi.
E com um toque suave a lâmina afiada deslizou pela perna macia e branca da mulher,
que começou a jorrar sangue antes mesmo dela sentir a dor.
O sangue morno esguichava rapidamente pelo corte
e a garota chorava muito agora;
chorava como um bebê que acabou de nascer;
chorava como uma menininha estuprada e abandonada no meio do matagal;
chorava como quem estava para encarar a morte finalmente.
O homem então levanta a cabeça da garota e faz um corte grande em seu rosto.
O grito dela não escapa, não há mais o que gritar.
Sua pele branca agora é vermelha como seus cabelos
Ela começa a ficar mais e mais pálida
E o homem começa a fazer mais e mais cortes nela
depois foram os belos olhos verdes
e aí ela gritou.
Sua coxa ainda jorrava muito sangue e esguichava tudo na roupa do homem, que parecia sentir um prazer sexual nisso.
Os cabelos ruivos da menina já se confundiam com o vermelho do sangue, estavam bagunçados
sem jeito, sem vida;
a mulher perdia as forças cada vez mais,
sua vista escurecia.
Ela sentiu as mãos frias dele acariciando seu rosto
acariciando como se fosse o pai dela
salvando-a.
Ele passou as mãos pelo rosto ensanguentado dela, sua pele ainda era macia e branca
e ele se lembrou de sua mãe
e de sua irmã mais velha
que não conseguiu envelhecer mais.
E então ele sorriu,
sorriu um sorriso que abriu de ponta a ponta.
E a garota tombou sua cabeça para baixo, respirava igual a um velho em estágio terminal.
Sua perna agora jorrava menos sangue, seu pé escorregava na gigantesca poça que estava embaixo dela.
O homem beijou sua cabeça e a abraçou.
"Papai...pai..."
foram as últimas palavras dela.
Ele continuou abraçado ao seu corpo.
Olhou as horas em seu relógio, por cima do ombro da garota morta.
"Perfeito."
Silêncio.
Escuro.
Sangue.
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