Sinto falta da que não
tive.
Sinto falta do que não
tenho.
Sinto falta do que
nunca vou ter.
Sinto falta de você.
Meu rosto oleoso mira o
chão
sempre que ando
E durante dia ou noite
no crepúsculo laranja
ou no mais amarelo
amanhecer,
quero seguir para a
escuridão
e para minhas trevas.
Olhando para os buracos
nesse chão
o meu espelho
o meu constante eu.
As ruas sem fim e a
falta de quem nunca tive,
nunca me teve,
nunca terei;
Há festas no interior
Há festas no litoral
Há festas na metrópole
E na minha sombra com
água fresca
Há sal.
Meu espelho é esmagado
por seus pés, suas botas, suas rodas de seus carros
e por seus olhos.
E resta o meu reflexo
fodido
destroçado; estilhaços
de um rosto desde sempre carcomido.
Os vermes passam por
cima de mim.
Posso senti-los dentro
dos meus orgãos,
brincando com o que
vejo
rindo do que sinto.
Como as pessoas
Umas com as outras
Espero piedade assim
como vocês a esperam.
Mas sabemos que não
existe.
Espero alguém.
Mas na rua escura há
somente sirenes
Atrás de ninguém.
Nem os monstros vão
atrás de mim de madrugada
Não mais.
Correm ao verem o
reflexo medonho e abstrato.
Até os monstros
horrendos correm ao verem meus olhos sem brilho e cor fitando meus
passos gordos e arrastados.
Minhas mãos sempre
encontrarão conforto dentro dos meus bolsos.
Aonde me fecho da
monstruosidade enquanto encaro meu reflexo quebrado
Nos espelhos no chão
que poucos enxergam,
você não?
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