sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Meu espelho é o chão das ruas mais esburacadas dessa cidade.



Sinto falta da que não tive.
Sinto falta do que não tenho.
Sinto falta do que nunca vou ter.
Sinto falta de você.

Meu rosto oleoso mira o chão
sempre que ando
E durante dia ou noite
no crepúsculo laranja
ou no mais amarelo amanhecer,
quero seguir para a escuridão
e para minhas trevas.
Olhando para os buracos nesse chão
o meu espelho
o meu constante eu.

As ruas sem fim e a falta de quem nunca tive,
nunca me teve,
nunca terei;

Há festas no interior
Há festas no litoral
Há festas na metrópole
E na minha sombra com água fresca
Há sal.

Meu espelho é esmagado por seus pés, suas botas, suas rodas de seus carros
e por seus olhos.
E resta o meu reflexo fodido
destroçado; estilhaços de um rosto desde sempre carcomido.

Os vermes passam por cima de mim.
Posso senti-los dentro dos meus orgãos,
brincando com o que vejo
rindo do que sinto.

Como as pessoas
Umas com as outras

Espero piedade assim como vocês a esperam.
Mas sabemos que não existe.
Espero alguém.
Mas na rua escura há somente sirenes
Atrás de ninguém.

Nem os monstros vão atrás de mim de madrugada
                              Não mais.
Correm ao verem o reflexo medonho e abstrato.

Até os monstros horrendos correm ao verem meus olhos sem brilho e cor fitando meus passos gordos e arrastados.

Minhas mãos sempre encontrarão conforto dentro dos meus bolsos.
Aonde me fecho da monstruosidade enquanto encaro meu reflexo quebrado
Nos espelhos no chão
que poucos enxergam,
você não?

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