terça-feira, 30 de outubro de 2012

Noite mais sombras.


À noite as sombras caem
cobrindo como uma manta negra
todas as vivas almas
os gatos bandolam
cães ladram
homens destroem seus templos
crianças dormem
poemas imortais nascem, filhos prodígios de milhões de vadios espalhados pelo escuro
as putas e os loucos
fazem parte da mesma massa.
Um tiro.
Dois tiros.
Latidos e miados, baratas por cima dos ratos
latas de lixo tombadas, vandalizadas, incendiadas
a Lua gorda é perfeita
sozinha no topo
estrelas não existem na cidade, não
nossa ignorância barra sua luz cósmica e pura.

Ninguém. Ninguém
apenas ruídos pela metade. E a Lua.

Uma parte da raça humana para.
                  Dorme.
Os vermes continuam trabalhando embaixo da terra.
                 Lá é sempre noite
Batalhões de formigas varam a floresta negra
onças bandolam como seus primos felinos
                           à noite.

Um bebum rola ladeira abaixo
e seu copo continua inteiro, noite.
As escolas parecem escombros de guerra sem a vivência do Sol,
os prédios são banhados pela sombra e o canto dos pássaros está morto até a próxima aurora,
noite.

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