Dirigi com a Zed até o puteiro mais sujo daquela região, nem sabia em que área da cidade aquilo se encontrava, mas era bem porco, com uma aparência vintage, parecia ser bem barato, ia transar com facilidade, sem grandes problemas.
Um ano fiquei. Um ano sem comer ninguém, nem pensava em mais nenhuma outra coisa, queria alguém a qualquer custo, namoradas não prestavam, amigas não prestavam, só queria algo livre. Tratei de encher o rabo de álcool logo assim que atravessei a porta, não conseguia nem olhar para a puta se estivesse sóbrio, sem nada pra barrar minha vergonha e insegurança.
O lugar era grande, cheio de mulheres da vida fácil e velhos fétidos e pervertidos, esperando desesperadamente uma virgem, uma garota pura...ou um desconto. Sentei o traseiro num assento que parecia mais higienizado e pedi um hi-fi e comecei a analisar o lugar e as mulheres belas e semi nuas dançando, estava mais para semi belas e nuas dançando ao som de Dusty Springfield. Caralho, que coisa maravilhosa! Ainda me sentia sóbrio e pedi um whisky, virei a diminuta dose em um gole e ordenei outro, não estava ficando bêbado de jeito maneira. Pensei em dar um teco, mas decidi faze-lo só depois da diversão, brochar com uma prostituta deve ser entristecedor em níveis soberbos, hehe. Encontrei o Cid e ficamos trocando uma idéia sobre a semana, aquilo me emputecia extremamente, falar de trabalho no único lugar em que trabalho devia fiar de fora. É que nem..sei lá, falar de incesto em uma igreja evangélica. Era de cortar os pulsos. Falei que ia ao banheiro e desapareci por um bom tempo, com uma esperança de me livrar daquela conversa deplorável, esperei, sentado num lugar escuro e deserto no fundo do estabelecimento, por cerca de meia hora, ele deve ter achado que fui soltar uma bosta singular.
Nesse meio tempo, fiquei bebendo tudo o que consegui e não me sentia bêbado o suficiente ainda. Desisti de esperar e voltei pra mesa com a desculpa da cagalhança única.
Quis um lap dance primeiro, queria fazer as coisas com calma e aproveitar aquela noite até o última centavo do meu medíocre salário, tinha batido duas punhetas antes de ir pra lá, pra não ter que jogar 500 contos de réis fora em 5 minutos. A garota dançando era maravilhosa, quis possui-la ali mesmo, mas iam enfiar uma trolha bem preta no meu rabo branco se o fizesse, ela era loira, boca e seios rosados, coisa magnífica de se ver, uma bunda e coxa que nunca tinha visto ou fodido antes. Era estupenda, mas não consegui mais prestar atenção depois de uns minutos, tinha muitas coisas na minha cabeça, muitas decepções e foras, e não sabia como deixa-las de lado, pedi outra dose cavalar de bourbon e tentei prestar atenção naquele fantástico conjunto de pele branca, sem roupa alguma, se esfregando no meu corpo, como alguns animais antes de se acasalarem.
Quanto ela terminou o espetáculo, tentei beija-la e levei um tapa ardido e sonoro no rosto, ela foi embora e fiquei parado lá, admirando de longe aquela peça que nunca faria uma dança dessas pra um cara como eu, se não fosse pagando um preço exorbitante. Nenhum faria, alias. Pedi e engoli duas cervejas e comecei a sentir fome, acendi um charuto barato que tinha comprado no jornaleiro momentos antes e saciei a fome com tabaco ordinário e soluções etílicas das mais baratas.
Começou a tocar um blues bem lento e cheio de feeling, chutei que fosse Dixon, estava ouvindo ao som e puxando o charuto, quando adentraram dois sujeitos altos, um deles com um tatuagem que começa no pescoço e se estendia até o braço esquerdo, ambos com ternos e o outro estava com silver tape envolvido em uma mão empapada de sangue, imaginei. Reconheci os dois sujeitos de algum lugar, mas não sabia de onde.
Passaram-se dois minutos depois da chega do tipos, e foi quando ouvi um estalo grosso e alto, aterrorizante e familiar, foi no mesmo momento que olhei e vi uma morena que havia me servido caindo inanimada no chão e uma grande poça rubro se revelou debaixo dela. O de mão fodida havia atirado nela sem motivo aparente, e foi aí que pensei que tudo ia acabar ali mesmo, sem transar, vai se foder Deus. Estava com as calças dois quilos mais pesada.
Os dois irmãos( eu acho) começaram a atirar em todo mundo que viam, com suas calibre 12 com cano cortado em uma mão e uma .45 na outra, já jaziam uns 7 corpos sangrando no chão e eu só pensava em um lugar pra me esconder. Pensei no clichê "atrás do balcão", mas desisti, era fácil por fogo lá com toda aquela bebida, saí correndo pra um lugar mais escuro, não só eu, dezenas faziam o mesmo, buscando um lugar pra se esconder, se trombando e caindo, escorregando nos riachos de sangue que já se conectavam em um só, bem grande. Senti a perna queimar e fraquejar automaticamente, gritei algo com o susto.
O da mão ferrada gritou para o irmão me apagar, SLOM, e o desgraçado acertou há 2 cm do meu nariz, quase arrancando-o. Berrei e xinguei-os, falando que só fui lá pra tentar transar. Pareciam estar se divertindo com o meu desespero, nem olhavam mais pras pessoas à minha volta, infelizmente. Apontaram as quatro armas pra minha cabeça ao mesmo tempo, nessa hora fiquei sem o que falar, pensar, cagar e mijar, não havia mais nada no meu corpo, sempre falei que no meu leito de morte, mesmo sendo um ateu a vida inteira, eu ia rezar mais que um católico misturado com evangélico pra tentar a salvação, não teria nada a perder mesmo. Mas na hora nem pensei em rezar, só fiquei encarando aqueles quatro canos fumegantes apontados pra minha fuça e prontos pra cuspir chumbada no meu asqueroso rosto, não ia ficar tão pior, pelo menos.Também não pensei na famosa expressão hollywoodiana de que "sua vida inteira passa pelos seus olhos", única coisa que passava por eles era gente despedaçada e membros sem donos jorrando sangue naquela carpete vagabundo. Fechei os olhos e, ao abri-los, meio que me surpreendi ao ver dois canos a menos apontados pro meu rosto, o da mão fodida olhou pra mim com cara de surpresa, tentando se lembrar de mim, parecia. Parece que lembrou e olhou pro irmão. Se perguntaram se era mesmo eu, o famoso escritor, aquele que sua mãe lia pra eles há pouco tempo atrás, eu estava sem palavras, só ficava ouvindo a conversa e me arrastando lentamente pra trás.
-Hey, Wank, pode ir. Vai embora daqui.
Não falei nada, levantei o rabo de lá e me dirigi até a porta em passos largos, pensei em corrigir aquele "W" dele, mas não vi motivo para isso, não havia motivo pra reclamar de mais nada.
Na porta, quase saindo, vi o corpo desfigurado do pobre Cid, o cara era gente boa, apesar de ser um mala sem alça, chequei seu pulso, mesmo sabendo que já tinha ido pro espaço há um tempo. Remexi seus bolsos, peguei sua carteira, um couro bem bonito, com umas notas mais bonitas ainda dentro, guardei no bolso e tratei de sair daquele buraco.
Entrei no conversível herdado do meu tio e, ao dar partida na caranga, a loira estupenda do lad dance pulou junto comigo, fingiu-se de morta e fugiu quando não olhavam, que nem nos filmes. Me beijos e fomos embora. Tinha dinheiro no bolso e ia transar. A noite foi boa.
Uma coisa bem porca pra variar.
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