quarta-feira, 20 de julho de 2011

salmão cru é meio ruim

sozinho em casa
sozinho na cidade
sozinho lendo
sozinho com música
sozinho tocando
sozinho sempre
graças a deus eu
estou
sozinho e
quando me vejo ao lado de alguém
eu fujo
sempre olho para todos os lados quando ando por aí
mas quando vejo um rosto familiar
eu desvio o olhar
fixo meu
                                                       belíssimo
rosto
em algum ponto fixo e continuo a
 a n d a r
tranquilamente
tentando fugir de quem quer que seja do meu ciclo social
alguém que conheci há anos e não olho mais no rosto
um rapaz alto
com regata e bermuda
parecendo uma lombriga com cabelo bem arrumado
gilbert
acho que se chamava
gilbert;
foda-se
depois passou duas vezes por mim e reparou em toda minha banha & bunda tentando ficar confortáveis em uma mureta que não abriga nem o cu de um gato friorento
ele passa por mim
“vai lá?”
“sair com o primo”
“ah, tchau”
“té”
se foi e agradeci por ter sido tão rápido
confesso e talvez tenha que
                                                   jurar
que senti calafrios quando me fez a pergunta
senti que teria que perguntar algo
e ser educado
com um cara que vejo uma vez por vida
e não estava muito no clima para ser educado com ninguém naquele momento
na verdade não quero muito ser educado com as pessoas este ano;
eu me mando para o lugar mais escuro que encontro, longe da “casa do pastel”, longe das pessoas voltando de seus trabalhos e jogando alguma coisa nada aceitável dentro de seus estômagos. longe de fumantes pensativos, pensando em como seria bom largar o cigarro enquanto dão mais uma tragada. longe de viciados em outras drogas. longe de mendigos. longe das mais belas garotas que o horário pode proporcionar
que fumam
e usam calças apertadas
enquanto ignoram o meu olhar para elas
implorando por um pouco de solidariedade
que nem um cachorro faz
quando olha para os mais cheirosos frangos fritos da cidade
rodando e dourando,
com batatas cheias de molho sendo assadas
                   saborosamente
e igualmente
douradas;
entro no carro do meu primo depois de me estressar procurando novamente a
                                                                                                                    ;casa do pastel;
e nos perdemos no caminho
e minha barriga roncava profundamente
junto com a de meu primo
sua namorada
e seu amigo;
e no restaurante japonês
eu passei vergonha
e comi
que nem um filho da puta
e toda a minha solidão pareceu ir embora de uma hora pra outra
enquanto brincava com aqueles pauzinhos inexplicavelmente inúteis
e mandava mais peixe e molho preto pro meu
rabo >que agradecia a cada mastigada
e no final ainda não precisei pagar
e não me sentia só
mas isso logo passaria
e um quarto de hora
 depois
eu já me sentia
bem
novamente
enquanto voltava desatento pelas ruas sombrias
                                                                                                 ;literalmente falando;
do meu bairro.
pensando sobre o que poderia escrever quando chegasse no meu quarto
para
novamente
me sentir
sozinho.

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