segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Bucólico [parte 3]

santos imaculados e igrejas douradas.



angustiado
preso em um quarto
primeiro dia do ano
uma diarréia corroendo meu cu de dentro pra fora
com a mesma roupa há dias, fedendo a suor
com o tempo cinzento e uma chuva indo e voltando de meia em meia hora
com o intestino tão cheio de comida que não consigo mais beber um gole de água
nem consigo pensar em cerveja
cheiro de terra e mato molhado
atendentes morenas com longos cabelos
e um aparelho no dente
com suas vozes fanhas, com um jeito de safadas em seu olhar
olhando diretamente dentro do seu olho
fazendo-o sofrer pensando em como seria te-las
garotos se drogando na porta de igreja
em cima de uma colina
bela vista para
se drogar
rolhas e tampas de plástico vagabundo cobrindo todo o chão da cidade
assim como os vestígios de fogos de artifício, milhares deles.

duas garotas andando pela rua, despreocupadas
a branca com uma pele maravilhosa, coloração pura.

carros espirrando água das ruas em cima dos pedestres
eu querendo cagar pela sexta vez no dia,
de saco
cheio
de toda a decoração natalina.

na recepção de um hotel bucólico escrevendo o que acontece ao meu redor
e ao redor da mente
para tentar não ficar louco tão rápido
ainda tenho um dia aqui
sem internet
sem telefone
sem bebida
sem mulher

igrejas douradas e santos imaculados
ruas com pedras irregulares
não almoce e saia para andar de carro por elas
ou seu estofado não durará muito tempo.
lojas de artesanato a cada esquina que olho, hippies vendendo suas bugigangas para turistas endinheirados
minha família e eu fingindo ter dinheiro.

rapazes ricos com loiras perfeitas
mendigos com uma garrafa pet vazia nas mãos
dançando pelas ruas; animados
entretendo aos ricos
sem música alguma.

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